Professora ofende adolescentes negros em escola

Mães de alunos registraram que os filhos foram agredidos pelo destempero de docente

no Diário da Manhã de Pelotas

Uma sociedade dividida, com extremos que se antagonizam, pode ser observada nas mais variadas circunstâncias cotidianas. Conforme a situação, a intolerância se manifesta. E numa sala de aula não é diferente. Nesta semana, episódio que expressa o destempero, ofensa e incorre em ação criminosa. Na segunda pela manhã, numa aula de inglês em escola municipal na área rural, a professora teria desrespeitado casal de adolescentes negros.  O caso abalou os jovens, e as famílias foram até a Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), para registrar o fato. Além disso, as mães das vítimas também se dirigiram até a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (SMED), onde houve a solicitação de providência.

ESCURINHOS – Conforme o relato registrado no começo da tarde de ontem, a professora ministrava sua aula, quando começou a abordar sobre “africanidade”. Em determinado momento, ela olhou para aluno negro com quinze anos de idade, e teria dito que ele “não precisaria estudar, pois ingressaria através de cotas”. E teria acrescentado que por ser “escurinho, pretinho, tem direito a não estudar”. O jovem então, abalado, deixou a sala para entregar um trabalho.  Na sequência, porém, a professora seguiu com manifestações pejorativas. Ela falou para aluna negra, também com quinze anos de idade: “Escurinha, bonitinha, mas não fica te achando diferente dos outros”.

INJÚRIA discriminatória é a tipificação que consta no boletim de ocorrência. As mães foram à delegacia, pois desejam representar criminalmente. Antes de ir na DPPA, elas também solicitaram providências junto à direção da escola. O racismo é crime inafiançável.

VIZINHOS – Outro registro com o teor de injúria, ocorreu na localidade da Estrada da Gama. De acordo com o relato da vítima, ela se queixa de desentendimento com vizinhos. Entre as ameaças, conta que ouviu do vizinho que iria “pagar para te matar”. Já a acusada, companheira do agressor, chamou-lhe de “nega vagabunda”. A vítima está atemorizada, pois o casal possui arma de fogo. E, acrescenta ela, o homem já foi preso pelo porte de arma. Além disso, a filha e o genro da acusada, que frequentemente estão no local, também ostentam armas.

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