Celso de Mello critica obscurantismo e defende direitos LGBT

Julgamento da ação protocolada pelo PPS para criminalizar a homofobia foi retomado com o voto do relator, Celso de Mello, que fez uma forte defesa dos direitos das pessoas LGBT e lembrou que o Brasil é o País que mais mata transexuais no mundo, mas rejeitou a possibilidade de, por via judicial, tipificar o crime de homofobia; em sua avaliação, em matéria penal, prevalece o postulado da reserva constitucional absoluta de lei, ou seja, só o parlamento pode aprovar leis tipificando crimes e impondo penas; assista

Do Brasil247

Foto do jurista Celso de Mello
Crédito: Nelson Jr./SCO/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta tarde o julgamento da ação protocolada pelo PPS para criminalizar a homofobia, caracterizada pelo preconceito contra a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis).

A sessão foi iniciada com o voto do relator, ministro Celso de Mello, que fez uma forte defesa dos direitos das pessoas LGBT e lembrou que o Brasil é o País que mais mata transexuais no mundo.

No entanto, o ministro rejeitou a possibilidade de, por via judicial, tipificar o crime de homofobia.

Em sua avaliação, em matéria penal, prevalece o postulado da reserva constitucional absoluta de lei, ou seja, só o parlamento pode aprovar leis tipificando crimes e impondo penas.

Anteriormente, o ministro criticou o obscurantismo na defesa da homofobia. “Determinados grupos políticos e sociais, inclusive confessionais, motivados por profundo preconceito veem estimulando o desprezo, promovendo o repúdio e disseminando o ódio contra a comunidade LGBT”, disse.

“A homofobia chega a culminar pelo tratamento dos LGBT como indivíduos destituídos de respeito, degradados a um nível de que não deveriam nem ter direito a ter direitos”, ressaltou.

O decano destacou ainda a individualidade de cada um dos membros da comunidade LGBT, mas disse que todos são unidos por um ponto comum. Ele citou a “absoluta vulnerabilidade, agravada por práticas atentatórias aos seus direitos fundamentais e liberdades individuais”.

Num ataque direto ao atual governo, sem citar nomes, Celso de Mello criticou o que chamou de “espantalho moral criado por reacionários morais com referência à ideologia de gênero”.

Na volta do intervalo da sessão, Celso de Mello declarou que irá até o 11º tópico de seu voto (no total serão 18), o que adia o restante do julgamento para a próxima quarta-feira.

+ sobre o tema

“Serendipidades”, A força histórica na construção literária de Ana Maria Gonçalves

Ana Maria Gonçalves (Foto: Brenda Lígia) Serendipidade: A faculdade ou...

Assexualidade fora da caixa – e do armário

ASSEXUAIS EXISTEM Por ERICK PIRES Do Ssex Bbox Pode até parecer difícil...

Comissão mista rejeita todas as emendas à regulamentação dos direitos das domésticas

O texto, aprovado pelo Senado no ano passado, volta...

para lembrar

Homem agride mulher e polícia diz não poder fazer nada

Avenida Paulista, esquina com a alameda Campinas, 23h10 de...

“Garotas para ficar” e “garotas para namorar” – por Nádia Lapa

Não é exagero Ouvimos isso sempre que reclamamos de algo...

Salvador tem oito casos de violência doméstica contra mulheres por dia

De janeiro a junho deste ano, a Delegacia Especial...

Quem cuida de quem cuida?

A maternidade não é simplesmente uma escolha pessoal. Por Letícia Penteado,...
spot_imgspot_img

O mapa da LGBTfobia em São Paulo

970%: este foi o aumento da violência contra pessoas LGBTQIA+ na cidade de São Paulo entre 2015 e 2023, segundo os registros dos serviços de saúde. Trata-se de...

Grupos LGBT do Peru criticam decreto que classifica transexualidade como doença

A comunidade LGBTQIA+ no Peru criticou um decreto do Ministério da Saúde do país sul-americano que qualifica a transexualidade e outras categorias de identidade de gênero...

TSE realiza primeira sessão na história com duas ministras negras

O TSE realizou nesta quinta (9) a primeira sessão de sua história com participação de duas ministras negras e a quarta com mais ministras...
-+=