‘Jogos Mortais’, o grupo homofóbico que assassina LGBTIs na Rússia

Após o assassinato de uma conhecida ativista LGBTI, outros ameaçados denunciam o desamparo e os constantes ataques

Por MARÍA SAHUQUILLO, do El País 

Marc Bruxelle via Getty Images

Vitaly Bespalov foi agredido mais de uma vez. Loiro, de cabelo abundante e braços tatuados, esse jovem russo de 28 anos conta que quando morava na Sibéria ocidental, onde cresceu, sofreu vários ataques por ser gay. Após um tempo, decidiu se mudar para São Petersburgo, conhecida por ser uma das cidades mais abertas da Rússia. “Eu me sinto muito mais seguro, mas às vezes escuto quando me chamam de veadinho pelas costas” comenta. Conhecido ativista pelos direitos LGBTI, também enfrenta insultos e ameaças diárias nas redes sociais. Isso se transformou em algo lamentavelmente rotineiro.

O dia em que soube que seu nome estava em uma macabra lista divulgada na Internet por um grupo homofóbico secreto chamado Jogos Mortais – na qual estava seu nome ao lado de outros objetivos LGBTI que deveriam receber “uma lição” – teve um sobressalto. Ligou para sua amiga Yelena Grigorieva, que também estava na lista: juntos tentaram não dar tanta importância ao assunto. E continuar vivendo. “Lembro que Lena e eu dávamos risada e que ela, depois, me escreveu: ‘Estou orgulhosa de estar na lista junto com tanta gente boa”. Dias depois, em 21 de julho, Grigorieva, bissexual, feminista e muito conhecida por seu ativismo, foi encontrada morta em plena rua em São Petersburgo, escondida atrás de um matagal. Foi esfaqueada oito vezes.

A polícia prendeu um suspeito pelo assassinato de Grigorieva. A mulher, de 41 anos, era muito ativa também em causas como a libertação dos marinheiros ucranianos presos na Rússia e a defesa de que a anexação russa da Crimeia é ilegal. Oficialmente ainda não foram apresentadas acusações contra o preso, um homem de 39 anos. Mas a imprensa local, citando fontes da investigação, diz que não está sendo tratado como um crime de ódio e sim como “briga pessoal”. Tudo apesar da vítima denunciar várias vezes as ameaças que recebia, como afirma seu amigo Alexander Mironov.

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