Medida quer evitar que oferenda religiosa seja considerada lixo

Emerson Nunes | Fotos: Roberto Viana

A Comissão de Reparação da Câmara Municipal de Salvador apresentou emendas solicitando alteração na Lei 8.512/2013, que dispõe sobre a proibição de jogar lixo em locais públicos em Salvador. As emendas pedem “cuidado especial com o material utilizado nos cultos de matrizes africanas, que possuem como prática destinar oferendas aos seus deuses”. Desta forma, o que for utilizado nos cultos religiosos, durante sua prática, não será enquadrado como lixo.

O vereador, Silvio Humberto (PSB), vice-presidente da Comissão, afirma que as emendas pretendem “assegurar que as religiões de matrizes africanas tenham sua liberdade de expressão e evita que a aplicação das multas seja uma questão de interpretação dos fiscais”, explicou ao Bocão News. “Encaminhamos essas emendas para que a Limpurb discipline isso. Não queremos abrir espaço para a intolerância religiosa. Nós sabemos que o racismo não tira férias e não queremos que esse racismo seja levado para religião”.

A ialorixá Jaciara Ribeiro dos Santos, representante da luta contra a intolerância religiosa no país, aprovou as emendas ao afirmar que “detalhes como esses precisam ser levados consideração”. Apesar disso, Mãe Jaciara, afirma que é cada vez maior a conscientização do povo de candomblé em relação ao meio ambiente.

Medida quer evitar que oferenda religiosa
Medida quer evitar que oferenda religiosa

“A maioria das oferendas não tem impacto ambiental e elas, cada vez mais, são feitas com mais cuidado com o meio ambiente. Por exemplo, quando a gente faz um ritual no terreiro e emola um animal não vai tudo para a rua. A gente toma cuidado. Deixamos partes nobres para as divindades e entendemos que sujar as ruas vai deixar os orixás tristes”, garantiu. “A mesma coisa acontece quando oferecemos um presente para Iemanjá. Sabemos que não precisamos enviar o perfume com fraco e tudo porque ela não quer o frasco. Então, só despejamos só o líquido e evitamos o impacto ambiental”, frisou.

“Nós temos mais de cinco mil casas de candomblé na Bahia e nem todas tem o conhecimento dessa nova realidade ambiental, mas emendas assim são importantes”, concluiu a ialorixá do terreiro Axé Abassá de Ogum, em Itapuã.

 

Fonte: Bocão News

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