O Congresso Nacional abdicou do povo brasileiro

Com exceção dos poucos combatentes ferrenhos dos direitos trabalhistas do povo brasileiro – somados em pouco mais de dezenas – o Congresso Nacional abdicou de sua gente. Serve a interesses diversos e escusos que a prórpia vergonha os impede de revelar. Os senadores e deputados são cada vez mais dissimulados, vingativos e ardilosos em manobras que vão de encontro aos interesses da população. A marca desta legislatura é o conchavo e a falta de vergonha na cara. Da dissimilação ao mau-caratismo existe um espaço reservado em Brasília para deflagrar um grupo de engravatados que quando não se preocupam com seus partidos, alianças e conchavos, estão hipnotizados com seus próprios umbigos. Azar do povo.

Enviado por Mailson Ramos via Guest Post para o Portal Geledés

Os grandes partidos perderam o poder. Servem apenas como estruturas de condução aos cargos públicos e para referenciar negociações que quase nunca definem uma agenda política. Os pequenos partidos são, como sempre, pressionados por sua insuficiência numérica. Parece que nesta nova conjuntura onde o Congresso Nacional dita o que deve ou não deve ser votado e pressiona a presidente da República contra a opinião pública, o Brasil adentrou numa ditadura institucional que fere os direitos do povo, mascarando-se por trás das páginas da Constituição Federal. O poder investido aos deputados e senadores jamais deveria ser maior do que aquele investido ao presidente da República. No Brasil, estas configurações foram alteradas e ninguém se deu conta disso.

Enquanto Eduardo Cunha movimenta as cartas na Câmara, Renan Calheiros faz o mesmo papel no Senado. A imprensa faz questão de blindá-los. Vez por outra surge uma manchete que referenda a ligação entre Janot e Cardozo, o que teria acarretado a inclusão dos peemedebistas na investigação da Lava Jato. Mas se fosse esta a única mácula nas carreiras políticas de Cunha e Calheiros, o presente artigo poderia finalizar aqui. Não hei de finalizar este texto sem antes dizer que os dois são tão sujos quanto pau de galinheiro. Posar sobre a cadeira de presidente e inspirar dignidade em fotos hsitóricas não os faz grandes homens. Aliás, dignidade não é coisa que se compra no supermercado. O que Eduardo Cunha tem feito na Câmara Federal seria de vexar a mais astuta e sorrateira raposa política do país.

O afanoso suspiro do governo à sobrevida pode ser o veto ao Projeto de Lei 4.330. A presidente Dilma Rousseff deve mostrar que quem manda ainda é ela. Precisa, no entanto, lembrar que esta posição contrária a Eduardo Cunha e seus pares estabelecerá uma guerra anunciada nos poderes da República. Mas vai aqui uma pequena lembrança aos trabalhadores do Brasil: o PT, este partido que é afrontado minuto após minuto nas redes, votou 100% contra a Lei da Terceirização. Penso que os embates estejam em sua fase preliminar. Os movimentos sociais devem ir às ruas para pedir o veto. De repente não sobra muita coisa senão protestar; enfrentar a polícia do Cunha, levar bordoada e spray de pimenta nos olhos. É o que resta ao povo brasileiro que viu o Congresso Nacional abdicar de si.

+ sobre o tema

Mulheres em cargos de liderança ganham 78% do salário dos homens na mesma função

As mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança...

‘O 25 de abril começou em África’

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as...

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação...

para lembrar

Fome no país é maior em lares com crianças abaixo de 10 anos, diz pesquisa

A segunda etapa do Vigisan (Inquérito Nacional sobre Segurança...

Garoto negro toca cabeça de Obama para sentir cabelo do presidente

Após visita, menino diz que quer ser presidente ou...

No Brasil, Obama almoçará com Dilma e discursará para empresários

Por: Nathalia Passarinho Durante a visita, Obama e Dilma assinarão...

Gilberto Gil diz que Copa e protestos conviverão pacificamente

O cantor e compositor Gilberto Gil disse à...

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na terça-feira que Portugal foi responsável por crimes cometidos durante a escravidão transatlântica e a era...

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...

Desigualdade ambiental em São Paulo: direito ao verde não é para todos

O novo Mapa da Desigualdade de São Paulo faz um levantamento da cobertura vegetal na maior metrópole do Brasil e revela os contrastes entre...
-+=