Pichação racista causa revolta entre alunos da Universidade Mackenzie em São Paulo

Dona de 145 anos de história, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, se viu envolta em mais um episódio de racismo. Nesta terça-feira (6), uma pichação em um dos banheiros da Faculdade de Direito da instituição trazia os seguintes dizeres: “Lugar de negro não é no Mackenzie. É no presídio”.

Por  , do Brasil Post 

O caso foi denunciado por alunos nas redes sociais e logo viralizou. A estudante Tamires Gomes Sampaio, diretora do Centro Acadêmico João Mendes Jr., do curso de Direito da Mackenzie, e segunda vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), lamentou que o ato criminoso e racista represente aquilo “que passa na cabeça de muitos que permeiam pelo Mack”.

“O negro foi historicamente segregado no Brasil, desde a abolição da escravidão, fomos sistematicamente jogados para as periferias; nossos costumes, religião, luta, lazer, tudo que vinha de nós foi criminalizado. Foi determinado um papel e um lugar para o negro, e coitado do que tentasse ultrapassar o limite que nos foi colocado (…). Não é a toa que vivemos um genocídio da população negra no nosso país. A carne mais barata do mercado e a mais marcada pelo Estado é a negra (…). Volto novamente a dizer: podem chorar e escrever nas paredes quantas vezes quiser elite, branca, racista, MAS vai ter preto na universidade SIM”.

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A estudante de jornalismo da universidade, Michelli Oliveira, foi outra a criticar a atitude racista, cuja autoria ainda é desconhecida. “O tempo de escravidão já acabou e temos os mesmos direitos dos filhinhos de papais da classe média e alta deste país. Não vamos apenas limpar suas casas e cuidar das suas portarias, iremos sentar na mesa junto com vocês e seremos patrões como vocês”, escreveu.

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O Centro Acadêmico João Mendes Jr. também divulgou comunicado de repúdio ao episódio.

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Em contato com a reportagem do Brasil Post, a assessoria de imprensa da Mackenzie informou que o episódio “está sendo apurado” e que mais informações serão prestadas oportunamente. A diretoria da Faculdade de Direito da universidade soltou uma nota, em que repudia “qualquer ato, ação ou manifestação de cunho racista”.

Esse episódio não é o primeiro de cunho racista envolvendo a Universidade Mackenzie. Em 2011, um professor denunciou uma estudante por racismo na instituição. Mais recentemente, em agosto de 2015, uma outra pichação em um banheiro dizia que “o Mack não deveria aceitar nem negros e nem nordestinos”.

Violações dos direitos humanos não são uma exclusividade do Mackenzie, tendo diversas delas sido apuradas em outras universidades do Estado de São Paulo na CPI dos Trotes, concluída em março deste ano na Assembleia Legislativa (Alesp).

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