Militares cercam embaixada brasileira em Tegucigalpa e expulsam manifestantes

Fonte: Uol

Militares de Honduras cercaram na manhã desta terça-feira (22) a embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde permanece o presidente deposto, Manuel Zelaya, e obrigaram a retirada dos manifestantes que passaram a noite em frente ao edifício

Soldados e policiais hondurenhos, muitos com o rosto coberto por gorros, chegaram ao local por volta das 6h (9h, horário de Brasília) e lançaram gás lacrimogêneo e atacaram com cassetetes cerca de 4.000 simpatizantes de Zelaya.

 

O governo interino de Honduras declarou toque de recolher em todo o país, após a confirmação de que Zelaya tinha retornado a Tegucigalpa. Inicialmente, o toque de recolher foi estabelecido das 16h às 7h00 no horário local (entre 19h e 10h, no horário de Brasília), segundo comunicou o governo golpista em cadeia de rádio e televisão. Pouco depois, a medida foi estendida até às 18h locais da terça-feira (22).

O porta-voz do Departamento de Segurança, Orlin Cerrato, disse que a área em torno da embaixada está sob controle das autoridades desde a manhã desta terça-feira (22). Não foi informado se há presos ou feridos.

 

Após expulsar os manifestantes, a polícia colocou amplificadores voltados em direção à embaixada brasileira e tocaram o hino nacional de Honduras de forma estridente, disse Zelaya. “Os militares colocaram sons estridentes para tentar enlouquecer as pessoas que estão dentro da embaixada”, acrescentou
Zelaya, que retornou na segunda-feira (21) a Tegucigalpa em um movimento surpresa, recebeu autorização da chancelaria do Brasil para se abrigar na embaixada brasileira em Honduras. Toda embaixada possui status de território estrangeiro, e por isso a polícia e o exército hondurenhos não podem entrar no local sem autorização.

 

Lula pede para Zelaya não dar pretexto para invadir a embaixada

O presidente Luiz Inacio Lula da Silva disse a Zelaya que não dê um pretexto para que os líderes do golpe de Estado possam invadir a embaixada brasileira. Lula disse que falou com o presidente deposto por telefone nesta terça-feira (22).

 

“O normal que deveria acontecer é que os golpistas deveriam dar um lugar a quem tem direito de estar nesse lugar, que é o presidente eleito democraticamente pelo povo”, disse Lula à imprensa em Nova York, onde se encontra para participar da Assembleia Geral da ONU.

 

O presidente brasileiro também pediu ao governo interino de Honduras para aceitar uma solução “negociada e democrática” que permita o regresso de Zelaya ao poder. “Nós esperamos que os golpistas não entrem na embaixada brasileira”, acrescentou.

 

O chanceler Celso Amorim disse na tarde desta segunda-feira (21) que o Brasil espera uma solução rápida para a crise política em Honduras, após o regresso do presidente deposto.

 

“Esperamos que isso [o retorno de Zelaya] abra uma nova etapa nas discussões e que uma solução rápida, baseada no direito constitucional, possa ser alcançada”, declarou Amorim a jornalistas em Nova York.

 

Segundo o chanceler, “o Brasil não teve nenhuma interferência” na volta de Zelaya, limitando-se a conceder-lhe a permissão para entrar na embaixada brasileira em Tegucigalpa, que foi “solicitada uma hora antes de sua chegada”.

 

“O presidente disse que chegou a Honduras por meios próprios e pacíficos”, indicou Amorim, acrescentando que não tem maiores detalhes sobre como o presidente deposto retornou ao país.

 

Amorim também disse ter conversado com o secretário-geral da OEA e com o governo norte-americano para que fosse garantida toda a segurança para Zelaya e para os funcionários da embaixada brasileira em Tegucigalpa.


Governo interino vai responsabilizar Brasil por violência

O governo interino de Honduras disse nesta segunda-feira que responsabilizará o Brasil por possíveis atos de violência como consequência de ter dado refúgio ao presidente deposto, Manuel Zelaya, em sua embaixada na capital Tegucigalpa

“A tolerância e a provocação que se realiza desde o local dessa representação do Brasil são contrárias às normas do direito diplomático e transformam a mesma e seu governo nos responsáveis diretos dos atos violentos que possam suscitar dentro e fora dela (embaixada)”, disse a chancelaria do governo interino, em nota.

 

Zelaya diz ter tido contato com governo interino

O presidente deposto hondurenho, Manuel Zelaya, afirmou na madrugada desta terça-feira ter estabelecido os primeiros contatos para iniciar o diálogo com as autoridades do governo interino lideradas por Roberto Micheletti.

 

“Estamos começando a fazer as aproximações de forma direta. Sempre tem sido por meio de intermediários e diferentes componentes que apresentaram para este assunto”, afirmou em entrevista ao Canal 11.

 

“Quando tivermos uma proposta específica vamos divulgá-la, porque ele pediu um diálogo e estamos nos comunicando”, disse.

 

Zelaya se negou a revelar os nomes das pessoas, mas disse que no golpe Estado estiveram envolvidos setores “muito determinantes do Estado”.

 

Ele não informou se falou com o presidente interino, Roberto Micheletti, e os comandantes militares.

 

“Mas sim, estamos tendo diferentes mecanismos de comunicação com os setores responsáveis por este golpe de Estado com o fim de que recapacitem e busquem uma solução para o

povo”.

 

Zelaya entrou em Honduras de forma surpreendente, o que causou euforia entre seus simpatizantes. Ele foi deposto no dia 28 de junho.

 

 

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