Um ano após eleição de Obama, realidade se opõe às promessas de mudança

Fonte: G1 –

Há um ano, democrata derrotava John McCain e fazia história.
Euforia da vitória deu lugar ao exercício do poder, e discurso mudou.

Se a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais de 2008 pode ser resumida pela frase “sim, nós podemos acreditar na mudança”, o ano que passou desde então pode ser sintetizado numa comprovação mais realista: “mudar é difícil”.

Em 4 de novembro de 2008 Obama compartilhava o entusisasmo de milhares de seguidores depois de vencer John McCain e virar o primeiro negro a ser eleito para a presidência dos Estados Unidos.

“Foi preciso muito tempo. Mas, esta noite, graças ao que fizemos hoje e durante esta eleição, neste momento histórico, a mudança chegou aos Estados Unidos”, afirmou Obama ante uma multidão que celebrava em Chicago, assim como em todo o país, a chegada de uma nora era.

Obama acabava de confirmar que, depois de três anos de divisões, os Estados Unidos continuavam sendo o país “onde tudo é possível”. Pouco importava a imensidão de sua tarefa.

Um ano depois, a euforia da vitória cedeu lugar ao trabalhoso exercício do poder e o discurso mudou. “Mudar é difícil”, diz Obama agora.

Desde os primeiros dias de sua presidência, ele se dedicou a manter a promessa de romper com a era Bush, proibindo as torturas e anunciando o fechamento do centro de detenção de Guantánamo. Rapidamente, anunciou e acelerou a retirada das tropas do Iraque.

Mas empreender essas mudanças se revelou um assunto muito complicado, principalmente quando se deve combater a pior recessão vivida pelos Estados Unidos desde os anos 30 e, ao mesmo tempo, se pretende estabelecer um dos programas de reforma da saúde mais ambiciosos já realizado em muitos anos.

Parece improvável que Guantánamo seja fechado antes de janeiro de 2010, como havia anunciado. Estender a cobertura da saúde a um número muito maior de pessoas está provocando uma acirrada batalha política. Para combater a mudança climática e sanear o mundo das finanças também enfrenta consideráveis resistências.

A popularidade de Obama sofre uma erosão lenta, mas o clima político, que ele prometeu apaziguar, continua tenso.

O ambiente econômico prmanece sob um clima de ameaças, apesar de os Estados Unidos tecnicamente terem saído da recessão. Contra as críticas e o ceticismo, a administração Obama assegura que suas ações econômicas e seu gigantesco plano de recuperação foram decisivos.

Também afirma que o aumento do desemprego foi detido, mas este poderá chegar a 10% e persistir em 2010, ano durante o qual Obama e seu Partido Democrata se submeterão ao julgamento dos eleitores em votações legislativas de metade do mandato.

Mas antes que termine 2009, o presidente poderá se ufanar de ter vencido onde seus antecessores fracassaram se conseguir levar a bom termo o grande projeto de reforma da saúde.

No exterior, seus colaboradores reconhecem que restabeleceram a imagem dos Estados Unidos, o que foi confirmado com o Prêmio Nobel da Paz 2009.

Obama desfez muitos dos erros diplomáticos de seu antecessor, como reformular a proposta do escudo antimísseis na Europa, o que levou a uma nova aproximação com a Rússia.

Mas a política do diálogo de Obama passa atualmente pela prova do tema nuclear iraniano. No conflito palestino-israelense, seu envolvimento pessoal ainda não deu resultados concretos.

Porém, talvez seja no Afeganistão que Obama corre o maior risco. Em breve ele deverá tomar uma de suas decisões estratégicas mais importantes até o momento.

Ele terá de decidir se, apesar das perdas cada vez mais pesadas, envia ou não milhares de soldados extras, mesmo com o risco de rejeição de uma opinião pública temerosa de que o conflito nesse país acabe virando um novo Vietnã.

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