Cuba persegue dissidentes em sepultamento de preso político

Regime detém 100 pessoas, incluindo a blogueira Yoaní Sanchéz, e proíbe críticos do governo de ir a enterro de Zapata

 

O corpo do preso político cubano Orlando Zapata – que morreu na terça-feira após passar 85 dias em greve de fome – foi sepultado ontem em Banes, a 850 quilômetros a leste de Havana, sob um virtual estado de sítio. A cerimônia foi marcada pelo silêncio da imprensa local e por uma série de detenções de dissidentes, que foram proibidos de sair de casa e de viajar para comparecer ao enterro.

A morte de Zapata – o primeiro preso político a morrer na ilha desde 1972 – coincidiu com a chegada a Cuba do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e provocou uma série de críticas da comunidade internacional à situação dos direitos humanos no país. Antes de Lula chegar a Havana, presos políticos haviam pedido a ele, em carta aberta (disponível na internet desde domingo), que ele intercedesse ante o governo cubano pela libertação de cerca de 200 dissidentes, entre eles Zapata.

O presidente lamentou a morte, mas alegou não ter recebido nenhuma carta de grupos de defesa de direitos humanos. Ele também justificou seu silêncio em relação à falta de liberdade na ilha sob a alegação de que não interfere em assuntos internos de outro país. Lula visitou Cuba para reforçar os laços econômicos com a ilha, que tem o Brasil como seu segundo parceiro comercial.

O líder cubano, Raúl Castro – ao lado de Lula -, disse lamentar a morte de Zapata, atribuindo-a à “luta ideológica contra os EUA”. A mãe do dissidente, Reina Luisa Tamayo, porém, criticou as declarações de Raúl. “É um cínico! Não permito que ele envie mensagens porque meu filho leva impregnado em seu corpo os golpes e as torturas”, disse Reina. 

Segundo a mãe do dissidente morto, o velório de Zapata foi fortemente vigiado pela polícia, que passou a noite inteira rondando sua casa. Pelo menos mil agentes foram enviados à cidade, restringindo a movimentação na área. A blogueira Yoaní Sánchez, uma das faces mais conhecidas da nova geração de dissidentes, disse ter sido detida por algumas horas pela polícia quando se preparava para viajar até Banes.

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Pelo menos cem dissidentes foram presos temporariamente desde a morte de Zapata, informou ontem a ilegal, embora tolerada, Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional.

“O número de vítimas da onda de repressão iniciada após a morte de Zapata já está em uma centena de dissidentes em todo o país, incluindo detenções em delegacias de polícia e reclusões domiciliares obrigatórias e extrajudiciais”, disse o porta-voz da organização, Elizardo Sánchez. “A maioria deles já foi liberada.”

O porta-voz ainda afirmou que as autoridades cubanas demoraram para entregar o corpo de Zapata à família em Banes e deram apenas duas horas para que o enterro fosse realizado, com o objetivo de impedir que muitas pessoas comparecessem ao funeral.

Fonte: Estadão

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