Plano de Ação Brasil/EUA para a promoção da igualdade de oportunidades

 

 

Atlanta/EUA – Terminou nesta sexta-feira (21/05) em Atlanta, Geórgia, com a presença do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon e do ministro chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Elói Ferreira de Oliveira, a IV Conferência “Call do action” (Chamado à Ação) do Plano de Ação Conjunta Brasil/EUA para a Eliminação da Discriminação Étnico-Racial e a Promoção da Igualdade.

A Conferência que reuniu representantes da sociedade civil e doze jornalistas convidados pelo Departamento de Estado – entre os quais o editor de Afropress, Dojival Vieira – faz parte do Plano assinado em março de 2008, ainda sob o Governo Bush pela secretária de Estado, Condeleeza Rice, e pelo ministro da SEPPIR, deputado Edson Santos.

O ex-ministro esteve presente em Atlanta à convite do Departamento de Estado e participou da abertura da Conferência no Centro Martin Luther King, localizado na Auburn Avenue, na quinta-feira (20/05). No Centro, inaugurado em 1.968 para celebrar a memória do líder americano do movimento dos direitos civis, estão os túmulos do Reverendo King, assassinado em 1.968, e de sua mulher, Coretta King, morta em 2006.

Segundo o ministro Elói Ferreira “o evento ganhou uma importância extraordinária pela participação dos Governos e sociedade civil”. “Esse Encontro está vitorioso porque celebra o congraçamento a paz entre duas nações irmãs para vencer o preconceito e a discriminação. O Plano coloca mais liga na relação do Brasil com os EUA”, destacou Ferreira.

Relação global
O embaixador Shannon, ao falar na abertura no auditório Bank Of America da Faculdade Morehouse – instituição em que estudam majoritariamente negros -, definiu o conceito do Plano. “Esse é um tema muito relevante para os dois países. O Plano de Ação conjunta somente pode ter sucesso na medida em que empoderarmos a sociedade civil”, afirmou.

Shannon disse que o Plano faz parte de um novo conceito de relações entre os dois países – de bilateral para global. “Não se trata mais de relação entre governos, mas também entre as sociedades. É uma diplomacia inovadora. Quero que todos fiquem sabendo que estão agora forjando o futuro entre as duas principais democracias do mundo ocidental”, concluiu o embaixador sob aplausos.

Sociedade civil
Na entrevista coletiva de encerramento, o embaixador Arturo Valenzuela, que chefiou a delegação americana, voltou a destacar a importância da sociedade civil na execução do Plano. “Trata-se de uma diplomacia de inclusão social. Governos, setor privado e sociedade civil, todos trabalhando em conjunto. Esse é um novo campo para nós diplomatas. Eu me sinto entusiasmado e encorajado para reforçar o entendimento entre Estados e Governos”, afirmou.

Empresas americanas como a Delta Airlines e a Coca-Cola já assumiram compromissos com a implementação do Plano, porém, nenhuma empresa brasileira, até o momento se comprometeu com o projeto, nem esteve presente em Atlanta.

A delegação brasileira foi chefiada pelo embaixador nos EUA, Mauro Vieira, e pelo ministro chefe da SEPPIR.

Valenzuela também destacou que, depois de quatro encontros (Brasília, Salvador, Washington, e Atlanta) agora é a fase de Planejamento com reuniões técnicas, a cada semestre, e reuniões anuais com participação do setor privado e da sociedade civil.

Oportunidades
Do Brasil, cerca de 40 ativistas e lideranças de vários setores – Olimpíadas, Saúde e Educação e Comunicação – participaram da Conferência, participação que se dividiu em várias etapas – inclusive a visita a comunidade haitiana do bairro Little Haiti (Pequeno Haiti), em Miami.

João Bosco Borba, do Coletivo de Empresários Afro-Brasileiros, disse que a visita a Little Haiti, onde vive uma comunidade de cerca de 1 milhão de haitianos, foi uma descoberta para os empreendedores brasileiros. “São muitas as oportunidades de colaboração mútua”, afirmou.

Segundo o sub-secretário de Ações Afirmativas, Martvs Chagas, que é responsável pela Coordenação geral do Plano de Ação, a Conferência representou um passo adiante na direção da concretização das ações que levarão a uma maior interação entre os dois países para o enfrentamento das desigualdades raciais.

O coronel Jorge da Silva, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), coordenador de Estuados e Pesquisas em Ordem Pública, Polícia e Direitos Humanos, e o jornalista Paulo Rogério, ao final, destacaram as oportunidades que o Plano abre, em especial, pelo interesse americano em inseri-lo no contexto das relações com o Brasil.

Segundo Rogério, da reunião de Salvador para a de Atlanta, o Plano “deu um salto”. “É possível dizer que o Plano deu um salto nesta conferência. Agora é preciso passar à ações concretas”, afirmou.

Júlia Nogueira, Secretária Nacional de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Telma Vicotr, da Secretaria de Formação da CUT/SP e representante do Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial (INSPIR) também consideram que daqui para a frente é necessário sair do plano das intenções e partir para a ação com a execução de propostas concretas.

 

 

Fonte: Afropress

 

 

 

Plano com EUA tem Grupo Diretor para agir

Atlanta/EUA – Desconhecido pela maior parte dos ativistas do Movimento Negro, o Plano de Ação conjunta Brasil Estados Unidos (Joint Action Plan to Eliminate Racial and Ethnic Discrimination and Promote Equality – JAPER) tem um Grupo Diretor para a Promoção da Igualdade de Oportunidades, cuja representante brasileira é Magali Naves.

Da parte americana, o responsável é o próprio chefe do Escritório para o Brasil e Hemisfério Sul do Departamento de Estado, Milton Drucker. Drucker disse à Afropress na reunião que manteve com jornalistas brasileiros na terça-feira (18/05) que o projeto envolve investimentos de ambos os lados, estando prevista a aplicação de vários “milhões de dólares”. Ele não quis mencionar valores.

Educação
Os assuntos a serem tratados pelo Grupo Diretor incluem as áreas de educação nos níveis fundamental, secundário, profissional e superior (graduação e pós-graduação), com ênfase especial à educação para a democracia e sua associação positiva em níveis crescentes de tolerância, igualdade e igualdade; cultura e comunicação, incluindo mídia cultural; trabalho e emprego; moradia e alojamentos públicos; igualdade na proteção à lei e no acesso à Justiça; aplicação no plano doméstico de políticas pertinentes de combate à discriminação ; esportes e lazer; saúde, inclusive a realização de estudos sobre doenças prevalecentes em grupos étnico-raciais minoritários; temas sociais, históricos e culturais que possam se relacionar ao preconceito étnico-racial; acesso ao crédito e oportunidades de treinamento.

No Plano assinado em março de 2008 está previsto que o Grupo Diretor poderá adotar técnicas e iniciativas para a promoção da igualdade e métodos para eliminar a discriminação baseada em raça ou etnia, inclusive, programas de treinamento; parcerias público-privadas com empresas e organizações não-governametnais;realização de oficinas e seminários; intercâmbio de especialistas e bolsas de estudos e pesquisas.

O Plano, conforme destacou o próprio embaixador americano, Thomas Shanon, faz parte de uma estratégia dos dois países de melhorarem ainda mais suas relações, partindo do conceito de uma relação global que inclua a sociedade civil como protagonista.

 

 

Fonte: Afropress

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