MEC envia computadores para o campo

Governo diz que valoriza escola rural porque, quando aluno vai para cidade, estrutura social se desorganiza

Políticas públicas para reverter abandono das escolas incluem cursos universitários especiais para professores rurais

 

O MEC (Ministério da Educação) diz que tem adotado políticas para evitar que Estados e municípios fechem escolas do campo.
Neste ano, pretende enviar quase 24 mil computadores para a zona rural. Nos últimos sete anos, levou luz para 20 mil colégios.
O valor que Estados e municípios recebem do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), calculado pelo número de matrículas, é 15% maior para o aluno rural.

Além disso, segundo o MEC, existe preocupação pedagógica. Em 2007, o ministério pediu às universidades públicas que criassem cursos de graduação para formar professores da zona rural. As 30 instituições envolvidas abriram mais de 3.000 vagas.

Esse tipo de curso é importante porque, no campo, o professor precisa lidar com uma realidade muito particular. A sala de aula normalmente agrupa crianças de séries e idades diferentes. E nem todos os alunos têm o dia inteiro para o estudo -pela pesquisa CNA/Ibope, 30% ajudam os pais na roça.
Segundo André Lázaro, secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, há prefeitos e governadores que mandam os alunos para a cidade porque é mais barato manter ônibus do que escola rural.

“Mas, no longo prazo, isso desorganiza a estrutura social do campo e cria problemas de segurança e emprego na cidade”, diz Lázaro. “Eu gostaria de saber se esses gestores deixariam os próprios filhos dentro de um ônibus, numa estrada perigosa, duas ou três horas por dia.”
Fátima Furlanetti, especialista da Unesp em educação no campo, concorda que a velha política é equivocada: “Quando eles estudam na cidade, têm contato intenso com outros valores, o consumismo. Muitos abandonam o campo e só no final se dão conta de que tudo era ilusão”. (RICARDO WESTIN)

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