Crise reduziu ritmo da queda da desigualdade no Brasil, diz Ipea

 

A crise econômica mundial de 2008 provocou uma queda no ritmo da queda da desigualdade no Brasil, segundo um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta terça-feira.

O estudo, feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indica que a queda menor na desigualdade entre 2008 e 2009 foi temporária, como consequência dos efeitos negativos da crise sobre o mercado de trabalho.

Segundo o Ipea, o coeficiente Gini, usado para medir a desigualdade, apresentou uma queda média de 0,0053 ponto entre 2008 e 2009, ante uma queda média de 0,0070 ponto entre 2001 e 2008 e ainda mais acentuada, de 0,0072, entre 2005 e 2008.

O instituto calculou o coeficiente de Gini em 0,544 em 2008 e de 0,538 em 2009. Em 2001, o coeficiente era de 0,592, e em 2005, 0,565.

O Coeficiente de Gini, com uma variação entre 0 (menos desigual) e 1 (mais desigual), mede a relação entre a concentração de renda entre os mais ricos e os mais pobres.

Segundo a análise do Ipea, a renda do trabalho tem um peso muito maior sobre a queda da desigualdade do que outras fontes, como renda previdenciária ou programas de transferência de renda, o que explica a razão pela qual o ritmo da queda na desigualdade caiu entre 2008 e 2009 mesmo com as ações do governo para mitigar os impactos da crise financeira global.

Pobreza

O estudo do Ipea indica ainda que a queda da pobreza no país vem se mantendo em um ritmo acelerado desde 2003 e acontece de maneira mais acentuada entre os mais pobres.

A análise considera três linhas de pobreza diferentes – com renda abaixo de meio salário mínimo, abaixo de R$ 100 mensais (corrigidos a partir da base de 2004) e R$ 50 mensais (corrigidos a partir de 2004).

O índice daqueles com renda inferior ao equivalente a R$ 50 de 2004 caiu de 10,3% em 2001 para 4,8% em 2009 (uma redução de 53,4%).

A proporção dos que ganham menos de R$ 100 de 2004 caiu de 26,1% em 2001 para 13,7%, numa queda de 48%.

Na faixa dos que ganham menos de meio salário mínimo, a proporção caiu de 45,4% em 2001 para 29,2% em 2009 – queda de 36%.

Entre 2008 e 2009, houve uma queda de 32% para 29,2% na proporção daqueles com renda inferior a meio salário mínimo, de 14,6% para 13,7% na proporção das pessoas com renda menor que o equivalente a R$ 100 em 2004 e de 4,9% para 4,8% na parcela com renda inferior a R$ 50 de 2004.

O Ipea também analisou o comportamento da renda de cada vigésimo da sociedade brasileira no período entre 1995 e 2009 e concluiu que os 5% mais ricos foram os que tiveram os menores aumentos de renda no período, enquanto os 5% mais pobres tiveram as maiores elevações em toda a sociedade.

Os dados do instituto mostram que os 5% mais pobres da população, após uma perda de 16% na renda entre 1995 e 2001, tiveram um ganho de 64% entre 2001 e 2005 e de 20% entre 2005 e 2009.

A renda dos 5% mais ricos caiu 1% entre 1995 e 2001, 2% entre 2001 e 2005, e subiu 13% de 2005 e 2009.

 

Fonte: BBC

+ sobre o tema

‘O 25 de abril começou em África’

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as...

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação...

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na...

para lembrar

Ninguém fica indiferente a uma Copa do Mundo

Até há aqueles que, desejando aparentar alguma intelectualidade, evocam...

Na TV, Dilma diz que irá à África do Sul caso o Brasil dispute a final

Durante entrevista ao programa "É Notícia" (RedeTV!), a candidata...

Por que as mentes mais brilhantes necessitam da solidão

Segundo o professor Robert Lang, da Universidade de Nevada...

“Bem viver” indígena: caminho para reinventar a democracia?

Seminários sondam a partir desta segunda-feira, em S.Paulo, como...

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...

Desigualdade ambiental em São Paulo: direito ao verde não é para todos

O novo Mapa da Desigualdade de São Paulo faz um levantamento da cobertura vegetal na maior metrópole do Brasil e revela os contrastes entre...

Foi a mobilização intensa da sociedade que manteve Brazão na prisão

Poucos episódios escancararam tanto a política fluminense quanto a votação na Câmara dos Deputados que selou a permanência na prisão de Chiquinho Brazão por suspeita do...
-+=