Visita de Obama ao Brasil inclui discussão sobre energia

A visita ao Brasil do presidente norte-americano, Barack Obama, nos dias 19 e 20 de março, inclui a permanência dele em Brasília no dia 19 e no Rio de Janeiro, dia 20, com a programação, ainda a ser confirmada, que inclui a visita do chefe de Estado a uma favela pacificada na cidade. Na bagagem, Obama traz ainda propostas de parceria nas áreas de energia, defesa, relações bilaterais e Mercosul; além de conversas sobre a reforma do sistema financeiro mundial e a segurança internacional com a presidente Dilma Rousseff. A presença do presidente dos EUA no país, para analistas internacionais, reforça o papel do Brasil como país líder da comunidade latino-americana e forte aliado na América do Sul.

Obama aproveita para corrigir uma lacuna diplomática: depois de assumir com um discurso prometendo valorizar a região, o democrata jamais visitou o Brasil em seus três anos de mandato. Seu antecessor, o republicano George W. Bush, veio ao Brasil duas vezes em oito anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve uma relação muito mais forte com ele do que com Obama, ainda que este último não tenha escondido a admiração pelo chefe de Estado brasileiro. A visita prevista ao Brasil em agosto do ano passado não ocorreu, segundo a Casa Branca, por incompatibilidade das agendas presidenciais. Lula estabeleceu para o segundo semestre de seu último ano de mandato uma intensa agenda de viagens pelo país e inaugurações de obras.

No dia seguinte de sua vitória em segundo turno, Dilma recebeu um telefonema de Obama, no qual ele a parabenizou pela vitória a convidou a visitar os Estados Unidos antes da posse, em janeiro. A agenda interna da presidenta, no entanto, impediu que ela comparecesse ao encontro. Na matéria em que Dilma é especializada, Brasil e Estados Unidos seguem uma agenda comum no setor energético. Além da possibilidade de parceria entre empresas brasileiras e norte-americanas na exploração do petróleo da camada pré-sal, os dois países são os maiores produtores de biocombustível do mundo. O poderio de ambos no segmento, porém, transformou-se em um embate comercial: o Brasil questionou na Organização Mundial do Comércio (OMC) os subsídios ao etanol de milho concedidos pelo governo democrata. Os dois governos negociam, no entanto, para que o etanol seja incluído na categoria de commodities.

Outro assunto na pauta de conversa entre os presidentes será a reforma do sistema financeiro internacional, bastante criticada por Lula. Ele reclamava que os países ricos não impuseram limites ao setor e arrastaram os demais para uma recessão mundial sem precedentes e as críticas foram mantidas por Dilma. Negociações militares e segurança internacional também integrarão a agenda bilateral. O governo Obama tenta convencer Dilma a adquirir para a Força Aérea Brasileira (FAB) os caças F-18 da Boeing, em um negócio estimado em R$ 20 bilhões, prometendo inclusive transferência completa de tecnologia. Dilma já avisou que não tem pressa para decidir que aeronave o Brasil comprará. No governo Lula, os franceses da Dassault, fabricante do Rafale, eram favoritos, mas Dilma anunciou que avaliará melhor as propostas apresentadas – além de franceses e americanos, também estão interessados os suecos da Saab, que fabrica o Gripen.

Por fim, a defesa intransigente dos direitos humanos deverá aproximar os dois governantes. A Casa Branca gostou muito da entrevista dada por Dilma ao diário norte-americano Washington Post, colocando-se claramente contra a pena de morte imposta à iraniana Sakineh Astiani. Os norte-americanos criticaram publicamente a posição de Lula, que privilegiou as relações comerciais com o Irã. Os dois países também divergem sobre o programa nuclear iraniano – a comunidade internacional vê nele um caminho para a construção da bomba atômica, enquanto Lula considerava que desenvolver o programa nuclear é um direito dos iranianos, desde que para fins pacíficos.

Ainda este ano, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, veio ao Brasil para a posse da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, teve encontro com Dilma em Brasília.

Fonte: Correio do Brasil

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