Pesquisador fala sobre ‘Projeto baobá’

O pernambucano Gilberto Vasconcelos faz palestra direcionada a educadores e traz mudas da árvore, que é símbolo cultural africano e tema de projeto social do Mutirão da Meninada do Vale Verde

Por RENATA DELAGE

 

As diversas lendas sobre a árvore cujas sementes aportaram no Brasil pelos porões dos navios negreiros e que povoa o imaginário popular africano também inspiraram o projeto “Quem conta um conto…planta um baobá”, do Mutirão da Meninada do Vale Verde. Hoje, o programa, em parceria com a equipe do Café Filosófico, traz à cidade o viveirista floral, pesquisador e coordenador do “Projeto baobá”, Gilberto Vasconcelos.

Dedicado à educação ambiental e autor do livro “Mapa dos baobás no Brasil”, Gilberto, que é morador de Recife, cidade considerada reduto da espécie rara no país – contabilizando 48 exemplares catalogados da árvore, que pode chegar a 9m de diâmetro e 30m de altura -, falará sobre o projeto que coordena e trará, ainda, mudas para o plantio em Juiz de Fora. O Bairro Vale Verde, assim como o Museu Mariano Procópio, o Parque da Lajinha, o Bairro Retiro (pelo grupo de mulheres Griôs da Saúde), a Escola Municipal José Calil Ahouagi, no Marilândia, e o Conselho Municipal para a Valorização da População Negra, são alguns dos locais e entidades que receberão mudas de baobá. Na sexta, o pesquisador falará aos educadores da cidade na Sala do Professor, na Secretaria Municipal de Educação.

Para um dos membros da coordenação do Café Filosófico, Tiago Adão Lara, a temática abordada pelo projeto social – que inclui discussões sobre a realidade e sobre uma importante raiz cultural brasileira – possibilitou o diálogo com o evento. “O baobá, como representação da cultura africana, é fundamental como elemento constituinte de nosso processo cultural. Ele permite o debate de noções como a convivência democrática e a tolerância às diferenças culturais, consequente caminho para uma vida mais plena”, diz.

Contemplado em 2010 pelo programa “Pontinhos de Cultura”, do Ministério da Cultura, o Mutirão da Meninada do Vale Verde é um projeto artístico e cultural que beneficia 50 crianças e jovens do Bairro Vale Verde, de 6 a 17 anos, desde 1994. Os R$ 30 mil recebidos em dezembro de 2011 e destinados ao “Quem conta um conto…planta um baobá” – desdobramento do projeto “VaLendo: o livro no Vale”- vêm sendo investidos em oficinas de palhaço, percussão, contação de histórias e incentivo à leitura, caso da oficina “O livro na praça”, que pretende estimular a leitura prazerosa a partir da montagem mensal de uma biblioteca a céu aberto no centro do bairro.

“O fechamento do projeto será a realização, durante uma semana de junho, de uma ‘Folia de livros’, um cortejo cantado e tocado, com direito a palhaço e foguete, que levará histórias, poemas e livros, de porta em porta, pelas ruas do Vale Verde, semelhante ao que acontece na Folia de Reis, uma das mais importantes expressões da cultura popular brasileira”, explica a coordenadora do projeto, Maria Helena Falcão Vasconcelos.

Nos dias 21 e 28 deste mês, as crianças e adolescentes participantes do programa irão à Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, para visitar e “abraçar” o gigantesco baobá de séculos, chamado “Maria Gorda”. “Essa árvore alimenta diversas lendas, pois consegue armazenar muita água em seu tronco, e, por isso, é conhecida como ‘árvore da vida’. Ela representa a riqueza da cultura brasileira e foi escolhida como tema do nosso projeto para que, através de suas histórias, possamos resgatar nossas origens africanas”, completa Maria Helena.

GILBERTO VASCONCELOS

Apresentação do “Projeto baobá”

Hoje, às 19h30

Mezcla

(Rua Benjamin Constant 720)

Palestra para educadores

Amanhã, às 9h

Secretaria Municipal de Educação

(Praça Antônio Carlos)

 

 

 

Fonte: Tribuna de Minas

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