A metáfora do zelador

JB Costa

Comentário do post “A nova oposição” no Advivo

É recorrente nos treinamentos de executivos, seja na área estatal ou privada, apelar-se para os indefectíveis case, anglicismo pernóstico, que nada mais é que se procurar “materializar” conceitos através de exemplicações abstraídas da realidade circundante.

Quando se trata da busca de solução para problemas aparentemente complexos, um desses casos mais conhecidos é quando executivos de alto gabarito, após discutirem dias e dias acerca da melhor solução para um impasse qualquer acabam ouvindo e adotando o insight do…………….zelador, um personagem simplório, iletrado e que por essa condição procurar analisar e viver a vida pelo diapasão da busca do possível, do simples e de resultado imediato. 

Bem, se nessa espécie de metáfora a organização empresarial se chamar Brasil, os executivos sua classe política tradicional e  o zelador o Senhor Luis Inácio Lula da Silva, então extrapolaremos esse case para tentar entender o passado recente, dissecar o presente e projetar o futuro. Tudo isso,é claro, com simplicidade e concisão, sob pena cotraditarmos os próprios princípios ora sobrelevados.

Mas qual foi mesmo o grande insight que o zelador, digo, Lula introduziu nas discussões complexas, cujas bases filosóficas, sociológicas e econômicas apreendidas na academia lhes eram, e continuam sendo, estranhas? Esta frase dita no deu discurso de posse no Congresso Nacional resume tudo:

TODO BRASILEIRO NO MEU GOVERNO TERÁ DIREITO AO  CAFÉ DA MANHÃ, ALMOÇO E JANTA(SIC). 

O zelador, digo, Lula da Silva, um semi-analfabeto em termos formais, com essa simples frase movimentou forças como nunca antes neste país. Desbancou e desmoralizou os mirabolantes e pedantes Planos de Desenvolvimento até então elaborados, muitos deles só para inglês ver. Nela já estavam escritas nas entrelinhas o que viria adiante: a prioridade antes de tudo no Homem, e dentro dela, aos mais fracos e necessitados, não  figurando como meros apêndices. Se o grande foco antes era o crescimento em si, sem preocupação com sua posterior repartição com equidade; se as políticas econômicas e sociais se justificavam apenas pelos seus fundamentos teóricos e não pelos resultados; se a variável macroeconômica investimento sempre se traduziu por inversões na infraestrutura material; com o ex-metalúrgico a coisa muda de figura.

O que vem na sequência, então, para o espanto dos “executivos”, ou seja, das elites, dos experts, dos doutores e pós-doutores, dos céticos, dos conservadores e neoconservadores, dos liberais; enfim, dos que sempre renegam a validade e supremacia das propostas e sugestões mais simples: um país ainda com sérios problemas, sim, mas bem melhor situado que o encontrado pelo zelador.

Em termos de estratégia na dimensão política, este homem simples do povo, deu, e continua a dar, verdadeiros dribles da vaca na classe política tradicional. Enquanto a oposição ainda gruda o olho no espelho retrovisor, o ex-metalúrgico não só mira, mas “forma” os horizontes. Estão aí o Brasil com Dilma e provavelmente São Paulo com Haddad. A abordagem simples atua como uma espécie de brisa que afasta para longe as nuvens toldadas pela prepotência e arrogãncia intelectual e política. 

O papel, o novo “rosto” a ser apresentado pela oposição, deve iniciar por uma profunda reflexão acerca dos primários equívocos cometidos até aqui, fruto da arrogância própria dos que e acham diferenciados. Em seguida, já de cristas abaixadas, entender com o mesmo espírito do zelador o que é o POVO, quais realmente são as suas expectativas e prioridades. Assimilar que o patamar alcançado em termos de melhorias não permitem retrocessos. O zelador deixou o povo “viciciado”, não só em comida, mas em bem-estar geral e decente, incluindo até filhos “doutores”.

Pouco importa com que materiais  teóricos e ideológicos venham “embrulhadas’ essas novas posturas. O importante é ter sempre à mão a metáfora do zelador.

 

 

Fonte: Advivo

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