Agregadora na família e na defesa da população negra

Solimar Carneiro, umas das fundadoras do Instituto Geledés, morreu em São Paulo nesta terça (11) aos 66 anos

Solimar Carneiro nasceu em São Paulo, em uma família de sete filhos, família combativa, que se tornaria referência na atuação pelos direitos da negritude.

Irmã da filósofa e escritora Sueli Carneiro, Solimar é uma das fundadoras do Geledés Instituto da Mulher Negra, em 1988, do qual era diretora. Assumiu a presidência da organização por dois mandatos, entre 2003 e 2009.

Coordenou iniciativas pioneiras, como o Projeto Grio e o Projeto Rappers, tidos como estratégicos para consolidar o hip hop como manifestação cultural e plataforma de expressão da juventude negra.

Teve ainda participação ativa nos processos administrativos do instituto e dedicou-se a iniciativas de inserção de pessoas negras no mercado de trabalho.

“Ela foi um suporte de várias frentes da organização. Contribuiu de forma efetiva com o trabalho com a juventude. Teve um trabalho muito produtivo com diversas gerações dentro da organização, desde o hip hop até o processo de fomentação ao mercado de trabalho pensando em jovens negros”, diz Natália Carneiro, sobrinha, diretora e coordenadora de Comunicação do Geledés.

É lembrada como uma pessoa de pensamento e atuação 100% estratégicos, já que trabalhava de forma efetiva para a formação de novas lideranças negras.

“A morte de Solimar Carneiro é uma perda irreparável para o movimento negro e o movimento de mulheres negras. Geledés Instituto da Mulher Negra e todos aqueles que tiveram o privilégio de trabalhar ao lado de Solimar Carneiro expressam profundo carinho por todos os momentos memoráveis que passaram com essa grande líder”, afirma o Geledés.

Solimar era agregadora e sempre tinha pessoas ao seu redor, seja em casa ou no instituto.

“Ela sentava com a gente para conversar de questões de namoro, de sexualidade e várias outras que, muitas vezes, a gente não estava acostumada a conversar com os nossos pais, com os irmãos”, lembra Natália.

Após a morte da mãe, a família passou a se reunir na casa de Solimar.

“Solimar era a pessoa que recebia a família. Todos os domingos era na casa dela. Ela cozinhava, o Natal era feito na casa dela, depois da morte da nossa avó. Então, ela é a pessoa que sempre recebia, tanto na organização do Geledés quanto no núcleo familiar. Fica sempre de lembrança a forma com que ela recebia cada um dos integrantes da família ou os agregados”, diz Natália.

Solimar morreu nesta terça-feira (11) em São Paulo, aos 66 anos. Deixou três irmãos e três irmãs.

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