Após morte, campanha tenta proteger mulheres de falsos motoristas de aplicativo

A #Whatsmyname, criada nos EUA, pede que passageiras verifiquem carro, placa e solicitem que motoristas digam seu nome

Por Constança Tatsch, Do O Globo 

Imagem de alguem mexendo no aplicativo do Uber no celular
Mulheres foram atacadas nos EUA e no Brasil; confirmar dados é fundamental (Foto: Arte sobre foto de Cléber Júnior)

A morte de uma jovem americana por um falso motorista de aplicativo levou a uma campanha nos Estados Unidos sobre segurança nesse tipo de transporte. A #WhatsMyName (qual é o meu nome) reforça a importância de se certificar de que aquele é mesmo o carro solicitado.

A estudante Samantha Josephson, 21, estava num bar com amigas quando decidiu ir embora e chamou um Uber. As imagens das câmeras de vigilância mostram a jovem esperando um carro com o celular na mão. O carro preto chega, ela entra. Mas aquele não era o Uber que ela havia pedido. Foi encontrada morta 14 horas depois.

Os pais da jovem, a Universidade da Carolina do Sul e estudantes criaram a hastag para pedir que as pessoas confiram sempre o carro e a placa com o descrito no aplicativo e que peçam aos motoristas que digam o nome dos passageiros antes de entrar. Outros cuidados recomendados são: verificar a foto do motorista e compartilhar os detalhes da viagem com familiares ou amigos.

A empresa está sendo processada na Corte de Los Angeles por três mulheres que foram estupradas e a acusam de negligência. A Uber não teria alertado suas clientes sobre uma onda de estupros contra jovens em uma área de bares de Los Angeles, praticados por homens se fazendo passar por motoristas de aplicativo. De acordo com reportagem da CNN, de 2016 a 2018, nove mulheres foram abusadas na região.

Segundo reportagem no jornal “The New York Times”, pelo menos 24 mulheres foram atacadas nos últimos anos no país após cometer erro semelhante ao de Samantha.

A Uber republicou um anúncio público chamado “Check Your Ride” (verifique seu motorista), que já havia sido feito em 2017, no qual pede que os usuários adotem precauções semelhantes às divulgadas pela campanha #WhatsMyName.

Críticos lamentam que sempre caiba às mulheres o ônus de ser vigilante para se manterem seguras.

Impostores no Brasil

Crime muito semelhante ao relatado aconteceu no Rio de Janeiro no fim do ano passado. Uma mulher foi abusada por um falso motorista de aplicativo ao sair de um evento no Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ela havia solicitado um carro pelo aplicativo e acabou entrando em veículo errado. Ele se aproveitou da embriaguez alcoólica da mulher e abusou dela durante o trajeto. A mulher conseguiu escapar, foi à polícia e o homem de 31 anos foi preso em flagrante por crime de estupro de vulnerável.

Outros casos envolvendo motoristas de aplicativos, dessa vez devidamente cadastrados, já foram denunciados, como o estupro de uma garota de 15 anos em Bangu, na Zona Oeste, quando ela ia para a escola. Ele foi preso.

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