Ataques ao Magazine Luiza revelam “capitalismo arcaico da direita brasileira”

A iniciativa da empresa Magazine Luiza de reservar todas as vagas do seu programa de trainees em 2021 a candidatos negros é um dos temas mais comentados das redes sociais neste sábado (19), e causou a fúria de vários setores da direita brasileira, fazendo com que liberais e conservadores se unissem na promoção da hashtag #MagazineLuizaRacista.

Além da campanha nas redes sociais, também surgiram iniciativas judiciais contra a empresa: dois deputados do PSL do Rio de Janeiro, Carlos Jordy e Daniel Silveira, apresentaram seus processos contra a empresa Magazine Luiza, denunciando suposto crime de “racismo”, se apoiando no questionado conceito de “racismo reverso” (no qual os negros oprimiriam os brancos).

No entanto, para o professor Dennis de Oliveira, da ECA/USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo), “a iniciativa do Magazine Luiza, além de ser produto da pressão do movimento negro, também mostra que a empresa está antenada com estudos feitos no mundo inteiro, nos Estados Unidos principalmente, mostrando que empresas que adotam políticas a favor da diversidade obtêm resultados melhores”.

Já sobre a reação dos diferentes setores da direita, o professor Oliveira afirma que “já era esperada, e revela o quanto a nossa direita está atrasada mesmo com relação às tendências mais contemporâneas do capitalismo. Eles defendem um capitalismo arcaico, uma visão que não é aceitável em nenhum cenário mais moderno do capitalismo atual”.

Por sua parte, a empresa Magazine Luiza publicou um tuíte em resposta à campanha da direita, afirmando que não se intimidará e que está tranquila com relação à legalidade da sua iniciativa.

“Estamos absolutamente tranquilos quanto a legalidade do nosso Programa de Trainees 2021. Inclusive, ações afirmativas e de inclusão no mercado profissional, de pessoas discriminadas há gerações, fazem parte de uma nota técnica de 2018 do Ministério Público do Trabalho”, explicou o tuíte da empresa.

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