A deputada federal carioca Benedita Souza da Silva Santos, em breve, passará a ser considerada cidadã baiana. Esse título, concedido pela Assembleia Legislativa, atende a solicitação do deputado Bira Corôa (PT), para quem “a vida de Benedita da Silva é um exemplo de fé e determinação, alicerçadas pela autoestima de quem conhece a extensão do seu próprio valor e do valor de sua raça. Qualidades que, aliadas a uma capacidade inata de fazer política, aperfeiçoada por anos de experiência, são as grandes armas com que Benedita desenhou uma trajetória política incomum”.
Para o deputado, esta honraria, com data ainda a ser definida, homenageará um dos principais exemplos a serem seguidos por todos os baianos. “Benedita tornou-se a primeira mulher negra a atingir os mais altos cargos da história do Brasil”. Realizando um breve histó-rico da vida da homenageada, Bira salientou o pioneirismo da parlamentar em questões que hoje se tornaram bandeiras de luta da sociedade.
“Ela é ativista do movimento negro e feminista. Bené, como ficou conhecida, tornou-se a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro, e não parou por aí. Em 1982, foi eleita deputada federal por duas vezes, sendo, em 1994, a primeira mulher negra a chegar ao Senado Federal, o mais alto escalão do Poder Legislativo brasileiro”.
Segundo o proponente da honraria, já em seu primeiro mandato, durante a reforma da Constituição do Brasil, Benedita garantiu às mulheres presidiárias o direito de permanecerem com os seus filhos durante a amamentação. Como deputada federal, foi autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Para Bira, vale ressaltar a colaboração e o envolvimento da deputada na atmosfera da política baiana, atuando de forma incisiva na luta pela promoção da igualdade e das injustiças sociais por que passa a classe trabalhadora, especialmente a mulher e a comunidade negra.
Justificando a honraria, o parlamentar petista disse que Benedita começou a trabalhar desde menina, vendendo limão e amendoim e que foi operária fabril, entregando roupa lavada e passada por sua mãe. Na área educacional, a ilustre deputada federal foi professora de uma escola comunitária da favela Chapéu Mangueira, na qual adotou o método Paulo Freire de alfabetização de crianças e adultos.
Além disso, Bira enumerou outros feitos alcançados graças ao grande empenho da homenageada. Para ele, foi Benedita quem inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais; fez de 20 de novembro o Dia Nacional da Consciência Negra. “Esta ilustre guerreira foi responsável pela criação de delegacias especiais para apurar crimes raciais e pela obrigatoriedade do quesito cor em documento e pela lei contra assédio e direito trabalhistas extensivos às empregadas domésticas”.
Como se tentasse sintetizar toda a força, a luta, a garra de uma mulher em uma frase, Bira concluiu mostrando por que Benedita pode ser considerada um verdadeiro exemplo a ser seguido. “Tinha tudo para dar errado. Quem, afinal, ousaria apostar no futuro sucesso daquela menina negra, nascida a 11 de março de 1942, na favela da Praia do Pinto, no Rio de Janeiro – Brasil?”
Fonte: Bira Coroa