Devassa: Caso deu no “New York Times”

A decisão do Conar em suspender peças da campanha da cerveja Devassa Bem Loura, estrelada pela socialite norte-americana Paris Hilton, ganhou repercussão internacional, sendo notícia no “New York Times”. A peça veiculada na TV já teve mais de 600 mil acessos no YouTube.

A liminar de suspensão, emitida em 26/2, se baseou em denúncias da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que considerou a campanha “sexista e desrespeitosa”, e também de consumidores. O processo no Conar será julgado no final do mês.

Porém, a campanha, lançada durante o Carnaval, já voltou ao ar reformulada. Ela atenua a presença de Hilton -que, na peça original para a TV, surge com um vestido preto curto, dançando e sendo fotografada por um voyeur.

No novo filme, aparece apenas seu rosto e uma tarja cobre os seios da imagem feminina na logomarca da cerveja.

 

Fonte: Folha de S.Paulo
A devassa da devassa

 

Suspensão de propaganda de cerveja estrelada por Paris Hilton escancara os limites do “politicamente correto” e aponta para o desgaste do erotismo na sociedade atual
Por: RENATO JANINE RIBEIRO

 

Provei a cerveja Devassa num dia no aeroporto. Mas, quando vi na TV sua propaganda com uma norte-americana rica que deve a fama a um vídeo pornô que circulou na internet, achei de mau gosto e perdi a simpatia pela bebida. Ponto. Agora, quando o Conar retirou a propaganda do ar, vale a pena discutir um pouco o assunto.

O Conar é um órgão privado -Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Quando alguém fala em regular os excessos da televisão, a mídia costuma citar o Conar como exemplo de como fazê-lo sem o Estado intervir. Quando se para de falar em regulação social, esquece-se o Conar. De todo modo, ele nada tem a ver com o governo.

Numa pesquisa de 2000 que publiquei em meu livro “O Afeto Autoritário” (ed. Ateliê), analisei os julgamentos do Conar que encontrei. Notei uma certa contradição. Quando o Conselho de Enfermagem reclamou de quatro propagandas mostrando enfermeiras como mulheres fáceis, o Conar concordou e as publicidades sumiram.

Já quando psicólogos reclamaram duas vezes porque sua profissão era ridicularizada, o Conar disse que as propagandas eram, só, engraçadas. Em suma, onde para uns há humor, para outros há preconceito; mas a linha de corte depende, muito, do grau de mobilização dos que se sentem ofendidos.

A questão do humor ou do preconceito é ponto em que a publicidade converge com uma preferência dos jornalistas que tratam de entretenimento e variedades: segundo eles, o politicamente correto se distinguiria pela falta de humor. O elogio-padrão a uma peça de teatro engraçada diz que ela é “politicamente incorreta”.

“Politicamente correto” é um termo pejorativo, usado para criticar a preocupação, nascida nos EUA, de movimentos sociais com expressões que depreciam grupos historicamente perseguidos. Por exemplo, os verbos denegrir e judiar vêm do preconceito contra negros e judeus -embora ninguém pense nisso hoje, quando os usa.

 

 

Fonte: Folha de S.Paulo

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