Caso Extra: Polícia ouve mais dois fiscais do Extra

S. Paulo – A Polícia de S. Paulo ouviu nesta sexta-feira (11/02), mais dois envolvidos no caso da agressão ao garoto T., de 10 anos, alvo de ameaças e humilhações ao ser levado para um quartinho, onde foi obrigado a tirar a roupa para provar que não furtara mercadorias pelas quais já havia pago, na loja do Hipermercado Extra, da Marginal do Tietê, Penha, Zona Leste de S. Paulo.

Com a presença dos advogados Marcelo Lapa e Dojival Vieira – respectivamente, advogados de defesa da empresa e da vítima -, e do promotor Luiz Paulo Sirvinskas, designado pelo Procurador Geral de Justiça para acompanhar o caso, o delegado Marcos Aníbal Arbues de Andrade, ouviu os depoimentos de Bruno Pereira Gomes e Wagner Silva das Chagas, que negaram ter presenciado a agressão.

Jargão suspeito

Chagas, que é fiscal de prevenção de perdas – eufemismo utilizado pela empresa para designar a função de segurança – disse que trabalha no CFTV (Central de Filmagem de TV), encarregado de visualizar e gravar o que acontece na loja. Segundo ele, as imagens da agressão não foram gravadas, embora admitisse que “copiou” (jargão utilizado para designar o monitoramento pelas câmeras de suspeitos) os três “mirins” (outro jargão para designar menores de idade).

Nas imagens, disse que acompanhou T., e mais outros dois menores – que estimem terem 13 e 14 anos –, sobre quem relatou teriam pegado quatro barras de chocolate, bolachas e doces e duas sungas, com a suposta intenção de “matar” (furtar no jargão utilizado por ele).

“Matar” mercadorias

Segundo o fiscal, porém, T., em nenhum momento teve qualquer atitude suspeita de que teria intenção de “matar” qualquer mercadoria, desde que entrou até passar pelo caixa onde pagou R$ 14,65 por doces e salgados, e foi “copiado” apenas porque aparecia nas imagens com os dois “mirins” de quem inicialmente suspeitara.

Até o momento, a Polícia já ouviu quatro dos envolvidos, entre os quais, o também fiscal Rodrigo Almeida e o líder dos fiscais de prevenção de perdas, Marcos Hoshimizu Ojeda, o “japonês”.

Segundo o relato do menino, teria sido ele, o responsável por conduzi-lo ao quartinho, onde além de obrigado a baixar a bermuda e levantar a camisa, sofreu ameaças de chicotadas. Outros dois menores, além das ameaças, passaram pelas mesmas humilhações e teriam recebido socos e tapas. Os dois fiscais negam.

Na próxima terça-feira, 15/02, às 10h, o delegado ouvirá os depoimentos de T. e do seu pai, Diógenes da Silva. Também está prevista uma acareação e a reconstituição do caso, além do depoimento da operadora de caixa, por onde o garoto passou e pagou as mercadorias, conforme comprova o cupom fiscal juntado ao Inquérito.

 

Fonte: Afropress

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