A capacitação é direcionada para o quadro funcional da autarquia e faz parte de um ciclo de palestras sobre Direitos Humanos
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou nesta quinta, 18, oficina de capacitação sobre Racismo Institucional para o seu quadro de funcionários em Brasília. A oficina, que durou todo o dia, contou com mesas de debates sobre a contextualização das relações raciais no país, direitos humanos e a igualdade racial e, ainda, acerca da subjetividade e racialidade nas instituições.
A psicóloga Vera Paiva, presidente do Conselho de Direitos Humanos do CFP, coordenou as atividades e destacou a importância da reflexão sobre a concepção de igualdade que norteia o trabalho da autarquia. “Todo o trabalho do Conselho – das relações interpessoais e da atuação no trabalho em si – estão baseadas nos diretos humanos. É impossível pensar a ética do trabalho, do psicólogo e de qualquer profissão sem pensar o quadro dos Direitos Humanos, que define que todos os homens e mulheres são iguais em dignidade, liberdade e autonomia”. O evento faz parte de um ciclo de oficinas sobre Direitos Humanos que abordará, além da igualdade racial, mais três temas, a tortura do Estado, Direitos Humanos e a população LGBT e usuários de drogas e seus direitos.
Na mesa de abertura “Contextualizando as relações Raciais no Brasil Contemporâneo” o economista e presidente da Fundação Baobá, Helio Santos, e Mário Lisboa Theodoro, também economista e ex Secretário-Executivo da Secretaria de Políticas de Igualdade Racial do Governo Federal, explanaram sobre as formas de racismo que atingem a população afrodescendente no Brasil e sobre o papel das ações afirmativas para a inclusão social e política da população afrodescendente, além do histórico de vitórias dos negros no país. A mesa foi coordenada por Jaqueline Gomes, psicóloga e Conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal.
O racismo institucional, segundo os palestrantes, é a falha das organizações em prover serviços adequados por conta de sua origem étnica, de sua cor ou de sua cultura. Além disso, usa-se o conceito em relação à ausência de representação da população afrodescendente nos quadros institucionais das empresas públicas e privadas, apesar de ser a maioria da população – segundo o IBGE, a população preta e parda corresponde a 50,7% da população brasileira.
“Os negros vivem sob o signo do racismo e as políticas de ação afirmativa constituem instrumento fundamental para o enfrentamento dos diferenciais causados pelo Racismo Institucional”, afirmou Theodoro, destacando ainda a importância de ações no âmbito legal e cível para o combate do preconceito.
No período vespertino, a psicóloga Maria Aparecida Bento falou acerca da subjetividade e racialidade nas instituições, , e Vera Paiva sobre direitos humanos e igualdade racial. Segundo Maria Aparecida, deve-se aprofundar o conhecimento das relações raciais para se compreender o racismo. “O não dito, no Brasil, propaga a ideia de que o país é uma democracia racial, que os direitos são igualmente garantidos”, explica.
O coordenador da mesa, o psicólogo Valter da Mata, destacou a importância de se pensar a psicologia em relação à igualdade racial. “Precisamos pensar para onde está indo a psicologia no Brasil e quais são os princípios que norteiam a nossa visão, que é a visão da igualdade e liberdade, mas respeitando também as diferenças”, terminou. Mata é membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia.
Além das palestras, os funcionários participaram de debate em que eles próprios sugeriram encaminhamentos para cada setor do CFP no sentido do enfrentamento do racismo institucional.
A presidente Marisa Borges participou do encerramento da atividade. A oficina contou ainda com a presença do vice-presidente do CFP, Rogério de Oliveira.
Fonte: Conselho Federal de Psicologia