Mônica Francisco,
Quando pensamos que nada poderia ser pior, depois dos ataques às manifestações, aos rolezinhos, aos jovens amarrados no poste, ao “game realidade” em favela, ao assassinato de Cláudia e ao suplício pós morte, agora, 65% da população assina embaixo para a violação feminina e o estupro. Isto em um país governado por uma mulher.
Fico pensando em quando de fato seremos uma nação melhor. Afinal, quando vamos nos olhar de frente e resolver nossos dilemas, sem sermos interrompidos pelo carnaval ou pelo próximo feriadão?
Somos racistas, matamos a população negra porque ainda não conseguimos vencer a dificuldade de nos aceitarmos como um país negro de fato. E que, no Brasil, fazemos isso com maestria, pois a ação é institucionalizada, o que, como nação, nos torna mais perigosos e cruéis.
É como aquele filme, com aquele ator mirim prodígio de grandes olhos azuis e cabeleireira quase branca de tão loira e que carrega em si uma maldade tão profunda que nos deixa sem chão.
Assim é o Brasil, sua beleza esconde uma maldade atroz, que de tão atroz, faz com que uma grande parcela de seus filhos se alegrem por conseguirem chegar à maioridade vivos e com partes de seus corpos intactas ou ainda com possibilidade ter o alimento diário, fazendo disso a maior conquista de suas vidas escassas.
Sei não, mas essa coisa de cordialidade à brasileira é muito perigosa. Daqui a pouco meus créditos vão estar maiores que a própria coluna, se é que me entendem.
“A nossa luta é todo dia e toda hora. Favela é cidade. Não à GENTRIFICAÇÃO ao RACISMO; ao RACISMO INSTITUCIONAL;ao VOTO OBRIGATÓRIO; ao SEXISMO; à MISOGINIA e à REMOÇÃO!”
*Representante da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e aluna da Licenciatura em Ciências Sociais pela UERJ.
Fonte: Jornal de Brasil