Diversidade X Eurocentrismo e Patriarcado

Quem seriam os Outros ? O desenrolar das histórias do mundo ocidental e também em parte do Oriente, dá-se pela preservação dos valores eurocêntricos – o Eurocentrismo – que na gíria anglo-saxônica são conhecidos como valores WASP (dos homens brancos, anglo-saxônicos e protestantes). São Outros (minorias), portanto, todos os que não pertencem às classificações de gênero (masculino), raça (branca), e religiões cristãs. Entre estas, o protestantismo, cujos seguidores seriam predestinados à supremacia e ao sucesso.

Por Sandra Machado

Os colonizados povos latino-americanos, africanos, e asiáticos (e seus imigrantes ou os que foram deslocados territorialmente em diásporas para diversos países) são considerados periféricos. Nessa classificação estão até mesmo os países europeus que estão fora do eixo do “Norte”, caso da maior parte da Europa oriental. Entretanto, quase todos seguem as tradições sócio-culturais, religiosas, e comerciais dos países “centrais”. Os principais são a Alemanha, a Inglaterra e a França. Entre os séculos 19 e 20, quando entrou para o rol das potências mundiais, os Estados Unidos fizeram coro a este centro dominante. São igualmente Outros os que não estão adequados à normatividade social em relação às orientações sexuais e comportamentais, caso dos LGBTTT.

As mulheres raramente foram ou são minoria em censos populacionais mundo afora. Ainda assim, estão entre os Outros . As sociedades patriarcais eurocêntricas, de boa parte do mundo, ainda hoje negam às mulheres os direitos à igualdade de gênero, à visibilidade em diversos níveis, principalmente, políticos, intelectuais e culturais. Seguem discriminadas socialmente, nos âmbitos público e privado, sem direitos aos mesmos salários que os homens; perfazem jornadas triplas de trabalho – no emprego, no serviço doméstico, e como mães/babás; e nem mesmo suas produções culturais ou intelectuais são devidamente divulgadas.

“O fato de que o trabalho doméstico da mulher não tem uma equivalência monetária (salário) contribui para desvalorizá-lo, inclusive ante os próprios olhos das mulheres, como se esse tempo sem valor mercantil carecesse de importância e pudesse ser gasto sem contrapartida e sem limites…” (Pierre Bourdieu, A Dominação Masculina)

Na imensa maioria dos casos, ao longo dos milênios, sabemos apenas de uma pequeníssima parte das histórias das mulheres no mundo. Apenas por meio de pesquisas minuciosas, quase escavações arqueológicas, estudiosas/os em História, Antropologia, Sociologia, e outras ciências humanas e exatas, conseguiram reconstruir os avanços e retrocessos, as idas e vindas, das mulheres nos processos de formação das sociedades. E tantas foram agraciadas, centenas, ao longo dos séculos, com prêmios e menções de academias científicas e de pesquisa, da literatura e das artes, filosofia, medicina, comunicação social, ou na economia e na política (ou mesmo em guerras e conflitos armados).

 

 

Fonte: Blog da Igualdade

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