Em memória de Abdias

Em memória de Abdias. Um poema de Nei Lopes para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, Abdias Nascimento e a liberdade, como direito adquirido. Partilho.

BRECHTIANA

(Em memória de Abdias)

Primeiro,

Usurparam a matemática

A medicina, a arquitetura

A filosofia, a religiosidade, a arte

Dizendo tê-las criado

À sua imagem e semelhança.

Depois,

Separaram faraós e pirâmides

Do contexto africano –

Pois africanos não seriam capazes

De tanta inventiva e tanto avanço.

Não satisfeitos, disseram

Que nossos ancestrais tinham vindo de longe

De uma Ásia estranha

Para invadir a África

Desalojar os autóctones

Bosquímanos e hotentotes.

E escreveram a História ao seu modo.

Chamando nações de “tribos”

Reis de “régulos”

Línguas de “dialetos”.

Aí,

Lançaram a culpa da escravidão

Na ambição das próprias vítimas

E debitaram o racismo

Na nossa pobre conta.

Então,

Reservaram para nós

Os lugares mais sórdidos

As ocupações mais degradantes

Os papéis mais sujos

E nos disseram:

– Riam! Dancem! Toquem!

Cantem! Corram! Joguem!

E nós rimos, dançamos, tocamos

Cantamos, corremos, jogamos.

Agora, chega!

(Nei Lopes)

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