Nesta Quinta-feira (25/03), no Palácio Guanabara, aconteceu a cerimônia histórica de posse de Luanda Silva de Moraes, primeira mulher negra a frente da reitoria de uma instituição de ensino superior do Rio de Janeiro.
Junto ao professor Dario Nepomuceno da Silva Neto, ambos foram empossados pelo governador Cláudio Castro para os cargos de reitora e vice-reitor, respectivamente, para o quadriênio 2021-2025 da Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), que a 16 anos é considerado um dos principais polos de ensino da Zona Oeste da capital do estado.
Luanda, que ingressou na Uezo em 2009 como professora temporária e foi posteriormente integrada ao quadro permanente da instituição, leva em sua bagagem uma extensa lista de graduações em áreas da ciência, incluindo um doutorado realizado meio período no Brasil e o restante em Milão, seguido de um pós doutorado na Uerj.
Apesar de suas conquistas dentro e fora da academia, a reitora, criada em Rocha Miranda, Zona Norte do Rio, faz questão de destacar que sua história nao é marcada pela meritocracia, visto que pessoas negras possuem menos oportunidades e por isso continuam sendo minoria a ocuparem lugares nesses espaços.
— Isso não é por acaso, é uma marca do racismo estrutural. Não podemos naturalizar isso. O fato de hoje eu estar como reitora da Uezo não pode ser colocado como “um esforço meu” no sentido de insinuar que quem não conseguiu é porque não se esforçou. Se os meus colegas de Rocha Miranda não conseguiram, isso se deve a uma estrutura da sociedade racista que os exclui, e isso é muito sério, afirma Luanda.
Em sua posse, Luanda reiterou a honra e respeito às suas raízes e conhecimentos ancestrais, e a importância da presença destes dentro de espaços universitários.
— Trago em meu DNA a herança da ancestralidade de reis e rainhas que, até mesmo em situação de escravização, manifestaram resistência à colonialidade. E, com maestria, genialidade e inteligência, preservam seus saberes e conhecimentos que estão até hoje a serviço da nossa sociedade. Nesta gestão, não há espaço para preconceitos de nenhuma natureza. A Uezo estará junto com a sociedade e aberta ao povo, afinal, é uma universidade de inclusão social e capacitação profissional, destacou.
Localizada em Campo Grande, a Uezo é vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. Em 2005 foi criada e, três anos depois, teve sua emancipação. O Centro Universitário oferece dez cursos e tem cerca de dois mil alunos, sendo 31% em condições de vulnerabilidade social.