Ex-delegado é condenado por preconceito contra muçulmana no Rio

Ex-policial ofendeu mulher por ela pertencer à região islâmica. Ele a chamou de palhaça devido a forma como se vestia

A Justiça do Rio de Janeiro condenou um ex-delegado por injúria preconceituosa contra a muçulmana Grasiela Panizzon.

O caso ocorreu em uma padaria, no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste, no dia 3 de maio do ano passado. Na ocasião, o ex-policial Raul Oliveira Dias Alves submeteu a mulher, que portava a burka, véu característico da cultura mulçumana, a ofensas e humilhações. Ele usou uma toalha de mesa, colocando-a sobre a cabeça, a fim de fazer galhofa e humilhar Grasiela.

O réu fez uma série de comentários preconceituosos sobre religião e raça quando reparou que Grasiela vestia a indumentária tradicional das mulçumanas. Quando ela foi abordá-lo, ele começou a ofendê-la, dizendo em altos brados, que na religião islâmica seria comum pais se relacionarem sexualmente com suas filhas.

Disse ainda que era um absurdo a forma como as islâmicas se vestiam, bem como, deveria ser investigado o motivo pelo qual pessoas daquela religião poderiam residir no Brasil.

O ex-delegado, segundo os autos, chamou a mulher de palhaça por estar vestida daquela forma. Ele disse, ainda, em tom de deboche, que ela deveria ser um braço do Iraque no país.

Aversão ao Irã

Em sua defesa, o ex-delegado, que durante o episódio apresentava sinais de embriaguez, disse que tem certa aversão ao Irã e ao Iraque porque perdeu um parente que serviu pelos EUA na guerra do Golfo.

Na sentença, a juíza Andrea Fortuna Teixeira disse que a vítima é brasileira e encontrava-se legalmente em seu país natal, com liberdade de expressão e religião, não podendo jamais ser submetida a qualquer tipo de constrangimento pelo fato de sua vestimenta revelar sua opção religiosa.

Ela ressaltou, ainda, que o acusado tentou apresentar justificativas para a sua conduta que demonstram o seu desprezo e total ausência de respeito pela religião mulçumana.

O ex-policial foi condenado a um ano e 11 meses de prisão. Entretanto, a juíza substituiu a pena privativa de liberdade por duas restritivas de direito, consistentes na prestação de serviços à comunidade, a uma entidade assistencial, hospitalar ou escolar, e limitação de fim de semana, conforme determinação do Juízo da Execução. Não cabe mais recurso à decisão.

Fonte: Ultimo Segundo

+ sobre o tema

Antropologia da Sofrência, um estudo de caso

O meu vizinho de parede mora relativamente bem: casa...

Cinco anos do Estatuto da Igualdade Racial

O Estatuto da Igualdade Racial completa cinco anos nesta...

A população periférica e favelada construindo um novo futuro para o Brasil

Essa semana lançaremos a parte final do projeto Mapa...

Coletivo de Espíritas Antirracistas lança manifesto

O Coletivo de Espíritas Antirracistas vem a público defender...

para lembrar

Miracema: Advogado preso por racismo

Hoje foi preso, em flagrante, em Miracema, um advogado...

Se é crime inafiançável, por que é tão difícil punir o racismo com rigor no Brasil?

A tecnologia se tornou uma aliada importante para denunciar...

Mulher é presa após ato racista em supermercado na Zona Sul do Rio

Uma mulher de 58 anos foi presa na noite...
spot_imgspot_img

‘Redução de homicídios no Brasil não elimina racismo estrutural’, afirma coordenador de Fórum de Segurança

Entre 2013 e 2023, o Brasil teve uma queda de 20,3% no número de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência, produzido pelo Fórum...

‘Não aguentava mais a escola’, diz mãe de aluna internada após racismo

A mãe da aluna de 15 anos que foi encontrada desacordada no Colégio Mackenzie (SP), contou ao UOL que a filha segue internada em um hospital psiquiátrico...

Risco de negro ser vítima de homicídio é 2,7 vezes maior no Brasil

Ser uma pessoa negra no Brasil faz você enfrentar um risco 2,7 vezes maior de ser vítima de homicídio do que uma pessoa não negra. A constatação...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.