Pelo menos três ocorrências de violência foram registradas em favelas pacificadas da cidade do Rio de Janeiro entre a noite deste domingo (14/8) e a madrugada desta segunda-feira (15/8). No Complexo do Alemão, favela da zona norte da cidade ocupada pelo Exército desde novembro do ano passado, um taxista foi assassinado por volta da meia-noite de ontem.
Segundo a Polícia Militar, o taxista Alexandre da Graça foi abordado e morto por homens armados na Rua Roberto Silva, nas proximidades do Morro da Baiana, uma das favelas que integram o complexo. A suspeita é que ele tenha sido vítima de assalto.
O Exército ocupa temporariamente os Complexos do Alemão e da Penha até que seja instalada uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na área.
No Morro do Turano, na Tijuca, favela da zona norte ocupada por uma UPP desde setembro do ano passado, policiais e moradores se enfrentaram por conta de uma festa na comunidade.
De acordo com a assessoria de imprensa da UPP, policiais chegaram ao local da festa depois de receberem reclamações por conta do barulho, pouco antes da meia-noite. A polícia tentou convencer os organizadores da festa a reduzir o volume do som, mas não obteve sucesso.
A situação fugiu do controle e um confronto foi iniciado no local. Segundo a polícia, os moradores agrediram os policiais com pedras, pedaços de pau e garrafas e os PMs responderam com disparos de armas não letais. Policiais do Batalhão de Choque foram chamados para conter o tumulto. Três soldados ficaram feridos e 13 pessoas foram detidas.
Já na madrugada de hoje, policiais trocaram tiros com criminosos armados no Morro do São Carlos, favela da região central da cidade ocupada por uma UPP há três meses. Ninguém ficou ferido, mas policiais do Batalhão de Choque também foram chamados para reforçar o policiamento do local. Segundo a assessoria de imprensa da UPP, buscas estão sendo feitas na comunidade para tentar localizar os criminosos.
As UPPs foram criadas em 2008, com o objetivo de ocupar favelas do estado e acabar com o controle desses territórios por quadrilhas armadas. Dezessete áreas da cidade, que incluem cerca de 50 favelas, já foram ocupadas por UPPs.
No entanto, ocorrências recentes de violência mostram que a atuação de criminosos armados nessas áreas continua. Entre os casos ocorridos nos últimos meses, estão o ferimento de policiais por uma explosão de granada no Morro da Coroa e a execução de dois mototaxistas no Morro do Andaraí, ocorridos em junho, além dos assassinatos de uma mulher na Cidade de Deus e de um líder comunitário no Morro dos Macacos, em julho.
Em entrevistas à Agência Brasil em junho deste ano, tanto o comandante das UPPs, coronel Robson Rodrigues, quanto o secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, reconheceram que as UPPs não têm conseguido impedir a atuação de homens armados dentro das favelas pacificadas.
Fonte: Correio Braziliense