Acusado de sete estupros, o dentista André Luiz Medeiros Biazucci Cardoso, de 27 anos, foi preso por policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Belford Roxo. Inocente, amargou sete meses na cadeia. Só na Justiça ele conseguiu derrubar as trapalhadas de um inquérito policial, no mínimo, irresponsável.
A desfaçatez — e contra o que determina a lei — com que se investigou o caso chegou ao ponto do ‘reconhecimento’ do suposto estuprador ter sido feito com outros dois policiais civis, que sequer retiraram os distintivos para que a vítima pudesse apontar o criminoso.
A favor de André pesou exame de DNA, ou seja, restos de material biológico encontrados nas vítimas, que comprovou que não era ele o estuprador. Enquanto a Polícia Civil não cumpria o seu papel, André ficou na cadeia, perdeu clientela e contou só com o apoio da família.
Real criminoso solto
Na decisão que absolveu André do sétimo caso de estupro, o juiz da 2ª Vara Criminal de Belford Roxo, Alfredo José Marinho Neto, lamenta a maneira como as investigações foram feitas. Ressalta ainda que os equívocos poderiam levar a Justiça a erro, enquanto o real criminoso está solto.
Placa errada
Na delegacia, uma das vítimas disse ter o número inteiro da placa do carro do estuprador. O que negou em juízo. O veículo de André era da mesma marca do usado pelo bandido, mas com características diferentes. O dentista apresentou álibis, mas a polícia não quis saber de apurar.
Ação contra o Estado
O advogado José Carlos Tórtima, que representa o dentista, vai entrar na Justiça contra o Estado. O defensor garante que só aceitou o caso porque até o pai da namorada do réu o apoiou com unhas e dentes. O dentista foi absolvido dos sete estupros, roubo de celulares e está em liberdade.
Fonte: O Dia