Presidente Reuven Rivlin afirma que protestos violentos em Tel Aviv “expõem ferida aberta no coração da sociedade isralense”. Cerca de 135 mil judeus etíopes vivem no país e reclamam de racismo e falta de oportunidades.
no DW
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, afirmou nesta segunda-feira (04/05) que o país cometeu erros ao lidar com a comunidade de judeus de origem etíope, que se envolveu em protestos violentos em Tel Aviv no dia anterior.
“Cometemos erros. Não olhamos, não ouvimos o suficiente”, declarou Rivlin após milhares de judeus etíopes irem às ruas em protestos contra a disriminação e a violência policial. Os protestos “expuseram uma ferida aberta no coração da sociedade israelense”, e o país precisa responder às reclamações, disse o presidente.
Neste domingo, os manifestantes bloquearam uma via importante, atiraram pedras e garrafas contra policiais e viraram uma viatura policial. A multidão foi dispersada com gás lacrimogêneo e canhões de água. Mais de 60 pessoas ficaram feridas, a maioria policiais, e 43 manifestantes foram presos, afirmou a polícia nesta segunda-feira.
A gota d’água para o protesto foram imagens reveladas na última semana, em que se via um etíope-israelense num uniforme do Exército sendo agredido por policiais. A manifestação de domingo foi a segunda em poucos dias, e os protestos devem continuar.
“Não somos estranhos, somos irmãos. E não precisamos regredir a um ponto do qual todos vamos nos arrepender”, disse Rivlin. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pretende se reunir com representantes da comunidade etíope nesta segunda-feira, na tentativa de acalmar as tensões.
Os judeus etíopes começaram a migrar para Israel há três décadas. Cerca de 135 mil etíopes-israelenses vivem hoje no país, que tem 7 milhões de habitantes. A integração deles é problemática. Muitos têm um baixo nível de escolaridade e acabam desempregados e na pobreza. Eles reclamam de racismo, falta de oportunidades, pobreza endêmica e violência policial rotineira.
Os judeus de origem etíope afirmam ser descendentes da Tribo de Dã, uma das 12 tribos do antigo povo de Israel, segundo a tradição judaica. Eles permaneceram isolados por mais de mil anos e só tardiamente foram reconhecidos como membros da fé judaica pelas autoridades religiosas de Israel.
A decisão levou à organização de duas operações secretas de transporte aéreo, uma nos anos 1980 e a outra nos 1990, para salvar grandes grupos de judeus etíopes da fome e da guerra civil. Cerca de 80 mil migraram para Israel.
LPF/ap/afp/lusa