Jornalista italiano é demitido por comentário racista sobre Lukaku

Luciano Passirani disse que a única forma de parar o atacante da Inter de Milão é lhe dando dez bananas; emissora foi firme no combate ao preconceito

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Lukaku e o comentarista Luciano Passirani (Emilio Andreoli/Getty Images/Reprodução)

O futebol italiano vem registrando uma sequência de ofensas e atitudes racistas e neste domingo, 15, teve como protagonista um comentarista de televisão. Durante participação no programa Top Calcio 24, da Telelombardia, o jornalista Luciano Passirani afirmou que a única forma de parar o atacante belga Romelu Lukaku, da Inter de Milão, era lhe dando “dez bananas”. Horas depois, a emissora anunciou o desligamento de Passirani.

Ironicamente, o comentário racista complementou elogios rasgados ao atacante. “Não vejo na Itália atualmente nenhum jogador, em nenhuma outra equipe, melhor Lukaku, nem na Juventus, Milan, Roma, Lazio. Gosto muito dele, é forte, faz gols… No um contra um, ele é mortal. Para pará-lo, você tem de dar dez bananas”, afirmou Passirani, imediatamente repreendido pelo apresentador. “Foi uma piada”, se justificou o comentarista. “Mas saiu muito mal”, rebateu o apresentador, que pediu desculpas ao público.

Horas depois, em outro programa, o diretor da emissora, Fábio Ravezzani, anunciou o desligamento de Passirani com um discurso forte de combate ao racismo.

“Ocorreu um fato imprevisível. Seguramente sem intenção, mas nem por isso menos grave (…) Ao tentar definir a força de Lukaku, nosso comentarista escolheu uma imagem péssima que abre, legitimamente, a possibilidade de interpretações racistas. E o racismo é algo que combatemos e combateremos sempre. Por isso, não podemos tolerar este tipo de comentário. Lamentamos muito, mas não podemos mais convidar esta pessoa a nossos programas”, afirmou Ravezzani.

Lukaku, belga de ascendência congolesa, já foi vítima de racismo durante uma partida fora de casa contra o Cagliari, na qual a torcida rival imitou macacos a cada toque na bola do jogador. Um dia depois, a Curva Nord, uma torcida organizada da Inter de Milão, em vez de defender o seu jogador, publicou uma carta aberta negando que tenha havido racismo, relativizando a ofensas.

“Nós entendemos que posso ter parecido racismo para você, mas não é isso. Na Itália, nós fazemos algumas coisas só para ajudar os nossos times e fazer com que o adversário fique nervoso. Não por racismo, mas para desestabilizá-los”, dizia um trecho do comunicado.

Lukaku, então, reagiu nas redes sociais e cobrou que “federações de futebol de todo o mundo reajam firmemente contra qualquer caso de discriminação (…) Estamos em 2019 e em vez de andarmos para frente estamos indo para trás.” Esta temporada europeia já registrou outros casos marcantes de racismo (e de pouco combate por parte dos dirigentes e torcedores) em países como Rússia e Inglaterra.

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