Luz de serviço

Num mundo de abundância de informações, métodos, experimentações, nunca foi tão produtivo e providencial descobrir o caminho a trilhar. Dentro do caminho escolhido, será preciso esquadrinhar os atalhos relevantes para chegar no objetivo. Isso não é papo só de engenheiros, é realidade de poetas também.

Por Fernanda Pompeu no Yahoo 

Talvez, o mundo esteja pedindo que todos sejamos engenheiros-poetas. Que tenhamos cálculo e emoção na ponta da régua e na crista da curva. Desenvoltura para ler gráficos, mapas, números, mas sem perder a sensibilidade para decifrar versos, territórios, palavras. Um sabor aqui, um saber ali.

Quando entrei na escola – no começo dos anos 1960 – os caminhos de futuro que nos ofereciam eram lineares e limitados. Se você se dava com contas e tabuadas, já carimbavam que você seria contador ou engenheiro. Se tivesse facilidade com substantivos concretos e abstratos, já taxavam a carreira de secretária ou de advogado.

A zona intermediária era desprezada. Vicejava uma tremenda preguiça em ir além da superfície, ousar acima da aparência das pessoas e das coisas. Para nós, as crianças, a sensação era que o mundo já estava pronto e definido. Sem interseções.

O problema é que lados opostos e excludentes detestam caminhos do meio. Mas o que se situa no meio, equidistante das paredes radicais, abre nossa vida para mais possibilidades. Alarga o horizonte e assopra o vento na popa. Se eu soubesse mais matemática seria hoje uma escritora melhor.

Entendo caminho do meio como a junção de antagonismos – ora sinceros, ora aparentes. Por exemplo, prazer com compromisso, trabalho com divertimento, ideia com concretude. No meio está a região do abraço. O encontro entre objetivo e subjetivo, tangível e intangível, mensurável e imensurável.

Do mesmo jeito que somos por dentro. Ora o mundo cabe na palma da mão, ora fica anos-luz de onde estamos. Caminhamos um tanto trôpegos. Isso afinal não é ruim. A paisagem não mora apenas à frente, ela está em toda parte. Quanto maior a visão lateral, maior será a abrangência.

Processos criativos precisam de compreensões multilaterais, colisões de pontos de vista, repertórios de habilidades. É por isso que a diversidade tem sido tão cultuada e cultivada nos dias que correm. Ela é a luz que nos guia no caminho do meio.

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