Martinho da Vila: Banana

Rio – Hoje é Dia de São Tomé, o santo do “ver para crer, ou melhor, tocar para crer”. A história deste santo de hoje é confusa. Dizem que ele e Judas são o mesmo apóstolo. Qual Judas? O Escariotes ou o Tadeu? Já foi escrito até que ele era filho de Jesus. Com a palavra, os católicos praticantes, pois eu fico embananado mesmo sem comer banana. E olhem que eu como banana diariamente, mas só gosto de banana prata. Aprecio também a ouro, mas esta não é encontrada sempre nos mercados, nem mesmo nos hortifrutis. Não gosto de comidas adocicadas, mas uma bananazinha cortada em rodelas num arroz com ovo é muito bom. Banana com canela, como sobremesa, também é uma delícia. Por falar em bananas, semana passada eu vi, na televisão, a cena chocante que foi a de uma jogada por um torcedor russo no nosso craque Roberto Carlos que, em sinal de protesto, abandonou o jogo sem dar uma banana com o braço. Eu também me senti agredido. É o racismo no futebol, assunto já abordado aqui neste nosso espaço e que o leitor Noel de Carvalho fez um comentário interessante sobre o meu artigo ‘Escapou de Branco Preto é’, no qual eu escrevi que o Vasco da Gama foi o primeiro clube a protestar contra o racismo. Ele é banguense fanático e disse-me que o Vasco não é o único pioneiro na luta contra a discriminação do negro no futebol e comentou: “O jornal ‘Gazeta de Notícias’, em 14/05/1907, noticiou que o Bangu abandonara a Liga Metropolitana, motivado pela atitude racista tomada pela Liga que em reunião resolveu que não fossem registrados, como atletas amadores, as pessoas de cor”. Disse também que na mesma ‘Gazeta’, de 30 de abril de 1916, o presidente do Bangu, Noel de Carvalho, seu avô, expressava sua opinião contra a lei altamente preconceituosa que a Liga Metropolitana pretendia implantar. Valeu Noel, de Bangu! Pena não ter espaço para reproduzir tudo que você me escreveu.Voltando ao assunto da bananada no Roberto Carlos, a imagem me chocou tanto que eu sonhei com a Copa do Mundo de 2016. No meu sonho a taça mundial estava se realizando em Moscou e a seleção russa foi eliminada, na primeira fase, por uma seleção de negros africanos e todos os racistas enfartaram. Eu não desejo a morte de ninguém, mas acordei sorrindo. Se eu fosse o Roberto Carlos não sairia de campo como ele saiu, que é o que o torcedor racista queria. Eu pegaria a banana arremessada, descascaria sorrindo e comeria calmamente, como fazia o nosso Guga que, nos intervalos de partidas de tênis em plena Europa, degustava, com dignidade, uma banana d’água de dar água na boca. Bravo!

 

 

 

Fonte: O Dia Online

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