Morre aos 80 anos o cantor Johnny Alf, precursor da bossa nova

Enviado por / FonteDo R7

O cantor e compositor Johnny Alf morreu no final da tarde desta quinta-feira (4) no Hospital Estadual Mario Covas, em Santo André, na Grande São Paulo. A informação foi confirmada ao R7 pela assessoria de imprensa do hospital.

O hospital informou, por meio de nota, que a causa da morte foi “falência de múltiplos órgãos decorrente de neoplasia de próstata”. O cantor vinha tratando um câncer na próstata há três anos no hospital e passou por tratamentos de quimioterapia e radioterapia, além de uma cirurgia urológica. Ele tinha 80 anos e vivia numa casa de repouso em Santo André.

Durante o tempo em que esteve internado, Johnny Alf integrou o coral de cordas e vozes do Hospital Mário Covas. Em maio de 2008, ele foi homenageado pelo grupo durante uma apresentação comemorativa dos 50 anos da Bossa Nova, que teve ainda a participação de Toquinho.

De acordo com seu empresário, Nelson Valencia, ele estava internado desde a última segunda-feira (1) no Hospital Mario Covas para tratar de um tumor na próstata. Valencia disse que o tumor estava em quadro grave, bastante avançado.

O corpo do cantor será velado nesta sexta-feira (5), no teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista, região central de São Paulo. Johnny Alf será enterrado no cemitério do Morumbi.

Vida e carreira

Alfredo José da Silva, mais conhecido como Johnny Alf, nasceu em 19 de maio de 1929, no bairro de Vila Isabel, na zona norte do Rio. Começou a estudar piano ainda garoto e trocou a música erudita pela popular.

Logo o rapaz se tornou um gênio do instrumento. No Beco das Garrafas, berço da bossa nova, Tom Jobim, Menescal, João Donato, Carlos Lyra e Sergio Mendes, entre outros, ouviam e aprendiam com o moderno Johnny Alf.

Alf é responsável por sucessos importantes da bossa, como Céu e Mar, Ilusão à-toa, O que é Amar, Fim de Semana em Eldorado e o maior deles, Eu e a Brisa.

Leia repercussão da morte do músico Johnny Alf

Leia a seguir a repercussão da morte do cantor, pianista e compositor Johnny Alf. Ele morreu nesta quinta-feira (4), em decorrência de um câncer de próstata, aos 80 anos.

Wanderléa, cantora

“Era fã dele desde antes de existir jovem guarda. Foi precursor de um gênero. Fiz minha homenagem em meu último disco e gostaria de tê-lo comigo no palco para o DVD, mas ele ficou doente bem no período. Uma vez, Roberto [Carlos] me ligou e eu estava justamente num ensaio com Johnny. Eles conversaram muito naquele dia, eram amigos de longa data. Fiquei feliz de ter refeito essa ponte entre os dois.”

Claudette Soares, cantora

“Johnny Alf não tem tamanho. Imagine que Tom Jobim o seguia em boates para vê-lo tocando piano, ficava enlouquecido com aquelas harmonias. Quando vai embora um compositor como ele, o que acontece às intérpretes que, como eu, não têm talento para compôr? Morrem junto, um pouco.”

Carlos Lyra, cantor, compositor e violonista

“Ele foi um dos precursores da bossa nova, ao lado de Dick Farney e Lúcio Alves. Com 16, 17 anos, entrei muitas vezes escondido no bar do hotel Plaza [na zona sul do Rio] para vê-lo tocar. Quando a minha geração chegou, ele já tinha lançado as sementes: sambas-canções modernos, influências de jazz, letras coloquiais, superdiscretas, para se sussurrar no ouvido. Eram composições menos derramadas, exibidas, mais classe média, cool. Ele tocava por cifra. Achavam que era macumba, mas na verdade era uma maneira de escrever os acordes que vinha do jazz.”

Oscar Castro-Neves, cantor e instrumentista

“Minha primeira sensação é de pesar pela perda de um grande músico. Não posso deixar de enfatizar o nome e a personalidade que era Johnny Alf. O que a gente herda dele é incalculável. Envie meus pêsames a todos os que estão envolvidos [com o cantor] e meus sentimentos de perda e de tristeza.”

Pery Ribeiro, cantor e compositor

“Para nós que pertencemos a um momento importante da música brasileira, sem dúvida nenhuma, perdemos um ícone, uma pilastra. A gente só lamente e vai chorar por muito tempo. Tom Jobim dizia que antes mesmo de lançar a Bossa Nova, tinha respeito por Johnny Alf. O caminho para a Bossa Nova foi aberto por ele. Perder Johnny Alf é perder uma referência maravilhosa e uma pilastra da cultura popular, uma cultura de altíssima qualidade, que ele sempre impôs.”

 

 

 

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