MP dá cinco dias para Prefeitura de Londrina recolher livros preconceituosos

Por: Pauline Almeida

 

O Ministério Público pediu que os 13.500 livros da coleção “Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Indígena”, da Editora Ética, sejam recolhidos em cinco dias. O conteúdo dos livros foi considerado preconceituoso, inadequado e apresentava erros ortográficos e gramaticais. A denúncia foi feita pelo Fórum de Entidades Negras de Londrina (Fenel) junto à Promotoria de Direitos Constitucionais.

O promotor Paulo Tavares afirmou, em entrevista à rádio CBN, que vários especiaistas foram consultados durante a abertura de um processo administrativo e constataram que a coleção efetivamente reforça o preconceito contra o negro e o indígena. Por causa desta avaliação, o material será recolhido e o Ministério Público pediu que seja criada uma comissão formada por diversas entidades como Fenel, Núcleo de Estudos Afro-asiáticos, Comissão Universidade para índios da Universidade Estadual de Londrina, Comissão de Promoção Social, entre outras.

Essa comissão será a responsável por ajudar a Secretaria Municipal de Educação a escolher o material a ser adquirido. Paulo Tavares acredita que é essencial um grupo específico de especialistas que possa acompanhar a aquisição de livros corretos e que primem pela igualdade de direitos e contem a histórias dos negros e índios de maneira correta e respeitosa.

O promotor citou na entrevista da rádio CBN trechos ofensivos aos negros, presentes na coleção “Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Índigena”.

“Imagens que deixam, por exemplo, o próprio negro em situação de submissão, humilhação. Não se mostra nenhum negro que tenha alcançado sucesso na sociedade. O conteúdo é altamente preconceituoso, tem um trecho, por exemplo, uma poesia que é trazida ‘A borboleta de manhã bem cedo, uma borboleta saiu do casulo, era parda e preta, foi beber no açude viu-se dentro da água e se achou tão feia que morreu de mágoa. Ela não sabia que Deus deu para cada bicho a cor que escolheu, Deus ralhou com ela, mas deu roupa nova azul e amarela’. Com certeza, é algo mais cruel para ser dito a uma criança parda e preta que é natural que ela se ache tão feia que morra de mágoa”, afirmou.

O Ministério Público ainda mandou um ofício solicitando o número de exemplares adquiridos, como foi feita a compra, uma cópia da licitação e como o material foi escolhido, entre outras questões à Secretaria Municipal de Educação. O prazo para resposta é de cinco dias.

 

Fonte: Londrina

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