Obama: Nova Agenda

Fonte: Folha de São Paulo
Por Antonio Delfim Neto

 

Nova agenda
O PROGRAMA proposto pelo presidente Obama é sutil e complexo. Esconde uma nova agenda de inovações científico-tecnológicas-industriais, que provavelmente determinarão o desenvolvimento econômico (e social!) dos EUA e repercutirão sobre toda a economia mundial, inclusive a brasileira. Seus três objetivos mais visíveis e de prazo mais urgentes eram:

1) A rápida solução dos problemas criados pela política monetária laxista do Fed (e de seus “parceiros”) que permitiu uma expansão de crédito e terminou num desastre. Não é possível saber com certeza qual o efeito da “inundação de liquidez” e da expansão das despesas públicas (política anticíclica). Uma coisa, porém, é certa: tais medidas, somadas à capacidade de ajuste do sistema de preços relativos e ao “espírito animal” dos empresários, estão colocando em marcha a economia real. Os americanos têm a sensação de que Obama resolveu o problema dos banqueiros, não o do sistema bancário;

2) O enfrentamento do problema da saúde nos EUA. Obama já sentiu o arrefecimento do “entusiasmo” popular com a solução (que envolve um aumento dos impostos). A crença nos dois fatos: a) de que atendeu aos banqueiros à custa do contribuinte e b) propôs um programa de “saúde” sem sustentabilidade derrubaram a sua popularidade, e

3) Dar maior ênfase ao problema ambiental, totalmente desconsiderado por Bush. Do lado da oferta este programa está apenas começando, com importantes estímulos à criação de tecnologia e de subsídios para a produção de combustível líquido de origem não fóssil (de massas florestais), pela liquefação de suas imensas reservas de carvão que reduza (ou capture) a produção de CO2 e pelo aumento da eficiência de outras energias “renováveis”.

Do lado da demanda há, também, um enorme programa de tecnologia e de subsídios para reduzir, na margem, a relação energia/PIB.
Essa dispersão de intenções tornou mais difícil entender o objetivo final do programa de “segurança nacional” de Obama: devolver aos EUA a autonomia energética perdida na era do petróleo. Esta é a agenda que vai dominar as “inovações” da revolução científica-tecnológica-industrial que está apenas começando. Ela vai harmonizar o desenvolvimento econômico vigoroso com a independência energética dos EUA. Desenvolvimento é pouco mais do que “inovação” + “crédito”. O seu bioma natural é os EUA, onde há clareza de objetivo e flexibilidade na economia. Quem não entender isso vai ficar no século 20!

 

Matéria original

+ sobre o tema

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na...

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na...

Desigualdade ambiental em São Paulo: direito ao verde não é para todos

O novo Mapa da Desigualdade de São Paulo faz...

Foi a mobilização intensa da sociedade que manteve Brazão na prisão

Poucos episódios escancararam tanto a política fluminense quanto a...

para lembrar

Um caso de amor entre vela e pólvora – por Cidinha da Silva

Por Cidinha da Silva Que cheiro de vela queimada, diz...

Maioria na população, negros somam apenas 29% dos prefeitos eleitos

Entre os 5.496 prefeitos eleitos após a votação do último...

A greve geral bate à porta da História

A julgar por todas as informações disponíveis, inclusive no...

BBB 10: Uill faz um balanço sobre sua participação no programa

Uilliam ficou quietinho lá no "Big Brother Brasil 10",...

MG lidera novamente a ‘lista suja’ do trabalho análogo à escravidão

Minas Gerais lidera o ranking de empregadores inseridos na “Lista Suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A relação, atualizada na última sexta-feira...

Conselho de direitos humanos aciona ONU por aumento de movimentos neonazistas no Brasil

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, acionou a ONU (Organização das Nações Unidas) para fazer um alerta...

Brizola e os avanços que o Brasil jogou fora

A efeméride das seis décadas do golpe que impôs a ditadura militar ao Brasil, em 1964, atesta o apagamento histórico de vários personagens essenciais...
-+=