ONU vê ‘marginalização’ contra negros e índios no Brasil

Fonte: G1 –

Alta comissária criticou a violência nas cidades brasileiras.
Após visitar Bahia e Rio de Janeiro, Pillay faz balanço de sua viagem.


A alta comissária da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, disse nesta sexta-feira (13) ter encontrado “marginalização” de índios e negros no Brasil. A secretária criticou ainda a violência nas cidades brasileiras e ligou este fato à discriminação. A secretária visitou a Bahia e o Rio de Janeiro nesta semana e faz um balanço de sua viagem em Brasília.

Para a alta comissária, a “marginalização” fica visível ao olhar os altos cargos no Executivo brasileiro. Ela destacou não ter encontrado indígenas entre os comandantes do país e ter visto poucos negros, como o ministro da igualdade racial, Edson Santos. Ela destacou o fato de mesmo na Bahia, onde a população de negros é de três quartos do total, a presença deles em altos cargos ser pequena.

Ela destacou que boa parte dessas populações está em situação de pobreza. “Milhões de afro-brasileiros e indígenas estão atolados na pobreza e não tem acesso a serviços básicos e oportunidades de emprego. Até que isso mude, esta situação vai prejudicar o progresso do Brasil em muitas outras frentes”.

Para a alta comissária, “há um vínculo indissolúvel entre segurança publica e direitos humanos”. Ela destacou que as principais vítimas de violência são os afro-brasileiros e disse que uma das principais causas de morte entre esta população é o “uso excessivo da força por agentes policiais, milícias, assim como bandidos e traficantes de drogas”.

Ela disse reconhecer as dificuldades encontradas pela polícia e citou o abate pelo tráfico de um helicóptero no Rio de Janeiro. Pilley ressaltou, no entanto, que “a maneira de parar com a violência não é recorrendo à violência”.

A alta comissária destacou ainda que na preparação para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 tem que existir preocupação com direitos humanos, sobretudo nos investimentos na área de segurança. Ela destacou que não se pode “limpar as ruas” para resolver o problema.

Pillay mencionou ainda a existência de altos níveis de violência contra as mulheres e destacou a necessidade de informá-las melhor sobre os seus direitos e sobre leis que as protegem.

Apesar das duras críticas, a alta comissária disse ver esforços do governo federal para melhorar a situação dos direitos humanos. Ela destacou que tem faltado atenção a área de governos estaduais.

Matéria original

+ sobre o tema

Senadora denuncia tráfico de pessoas no Brasil

Dados da ONU apontam a existência de 241 rotas...

Concurso unificado: saiba o que o candidato pode e não pode levar

A 20 dias da realização do Concurso Público Nacional...

Emprego informal no Brasil cai para 40% em dez anos

A informalidade do emprego no país caiu de 55%...

Mercado de trabalho perpetua desigualdade racial, avaliam especialistas

Mercado de trabalho perpetua desigualdade racial, avaliam especialistas Matéria...

para lembrar

A voz da favela contra a pirotécnica política de segurança pública oficial

Ao longo desses últimos dois meses as áreas periféricas...

Cufa inicia projeto para explorar potencial de serviços nas favelas

A Central Única das Favelas lançou, ontem, a Liga...

Cátedra Otavio Frias Filho escolhe Muniz Sodré como titular

O professor Muniz Sodré, um dos pesquisadores mais influentes do...

Anistia Internacional quer mundo de olho no Brasil em protestos durante Copa

Jefferson Puff A Anistia Internacional lançou nesta quinta-feira uma campanha...
spot_imgspot_img

Comissão Arns apresenta à ONU relatório com recomendações para resgatar os direitos das mulheres em situação de rua

Na última quarta-feira (24/04), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns, em parceria com o Movimento Nacional...

Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia

Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do estudo Fronteiras da Informação...

Brasil registrou 3,4 milhões de possíveis violações de direitos humanos em 2023, diz relatório da Anistia Internacional

Um relatório global divulgado nesta quarta-feira (24) pela Anistia Internacional, com dados de 156 países, revela que o Brasil registrou mais de 3,4 milhões...
-+=