Por: Abraão Benício
Com apoio do PMDB e do PT de Lula, candidato do PDT ganha “corpo” para confronto com tucano Beto Richa
A confirmação da candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo muda radicalmente o panorama das eleições no Paraná. Com o apoio de “pesos pesados” da política nacional e estadual, como o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PMDB do governador Orlando Pessuti, Osmar entra na disputa em condições de enfrentar “de igual para igual” o candidato do PSDB, o ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa. O PMDB, além de comandar o Executivo estadual, tem o maior número de prefeitos e deputados. E Lula, que com uma popularidade recorde já alavancou a candidatura da ex-ministra Dilma Roussef à Presidência, comprometeu-se a se engajar pessoalmente na eleição do pedetista.
A candidatura de Osmar reúne ainda a maioria dos partidos da base do governo federal (PMDB/PDT/PT/PSC/PC do B/PR) e é um dos principais palanques no Sul do país para o projeto presidencial de Dilma Roussef. Além de estrutura para o confronto e reforço político, o pedetista garantiu ainda a participação direta do presidente em sua campanha no Estado.
Osmar pode beneficiar-se também do “recall” do resultado das eleições de 2006. Naquela ocasião, apesar da derrota por apenas 10,5 mil votos para Roberto Requião (PMDB) no 2º turno mais disputado da história eleitoral paranaense, o pedetista acabou saindo da briga fortalecido e credenciado como principal nome para sucessão deste ano.
Do outro lado da trincheira, Richa inicia a corrida eleitoral com uma frente formada em sua maioria por partidos da oposição ao governo federal (DEM/PPS), além de aliados de Lula (PP/PTB). O tucano, porém, terá que lidar com o enfraquecimento causado pela própria candidatura de Osmar. O PSDB contava com a desistência e o apoio do pedetista para conquistar o Palácio das Araucárias já no primeiro turno.
Pelas últimas pesquisas divulgadas, Richa não conseguiu aumentar a vantagem de cerca de seis pontos percentuais sobre o pedetista, mesmo estando em “campanha” por todas as regiões do Estado desde o último dia 30 de março, quando renunciou ao mandato de prefeito para concorrer a governador.
Richa também poderá ter que responder na campanha pelo fato de ter renunciado a Prefeitura da Capital apenas um ano e três meses depois de ter sido reeleito com mais de 78% dos votos válidos. Segundo Osmar Dias, o próprio tucano teria se comprometido, em troca do apoio para reeleição, a não disputar o Palácio das Araucárias em 2010. Richa nega.
Reviravolta – O fato de Beto Richa e Osmar Dias terem sido aliados nas eleições de 2006 e 2008 também pode confundir o eleitorado. O maior prejudicado é Richa, que em 2006 apoiou Osmar para o governo, mas depois rompeu a aliança. Já Osmar, como candidato natural ao governo por conta do resultado da última eleição, poderá cobrar do tucano a quebra do suposto compromisso assumido com os antigos aliados.
Vice – Depois de assessores e membros do PDT confirmarem, na noite de terça-feira, que o senador Osmar Dias finalmente havia decidido disputar o governo do Paraná, o anúncio oficial foi adiado para hoje. A indefinição de Osmar vinha se estendendo por vários meses e ficou mais forte desde sexta-feira, quando o nome de seu irmão, senador Alvaro Dias (PSDB), passou a ser cotado para vice na chapa presidencial de José Serra (PSDB). Como candidato no Paraná, Osmar será um dos principais defensores da candidatura de Dilma no Estado, onde se coligará com PT e PMDB.
Coincidência ou não, ontem, depois da candidatura de Osmar ter sido dada como certa, o PSDB desistiu de completar a chapa de Serra com Alvaro Dias.
A decisão de Osmar de enfrentar Richa foi tomada depois do pedetista passar a noite da última terça-feira reunido com o principal cacique nacional de seu partido, o ministro do Trabalho Carlos Lupi, que teria vindo ao Paraná incumbido pelo presidente Lula (PT) de garantir amplo palanque para Dilma Roussef. “É um dos dias mais importantes (da campanha de Dilma)”, disse Lupi.
Fonte: Bem Paraná