Precisamos de mais mulheres assinando os cheques, diz Serena Williams

Quando Serena Williams ouviu Caryn Seidman-Becker, CEO da Clear, dizer que menos de 2% dos investimentos de venture capital vão para empresas fundadas por mulheres, pensou que a executiva teria errado o número. Mas se surpreendeu ao descobrir que o dado é real. “Precisamos de mais mulheres nos palcos e assinando os grandes cheques”, disse a empresária e tenista que tem 23 títulos do Grand Slam, no evento Expert XP 2022, na noite de ontem (4).

Foi pensando nisso que ela lançou, em 2018, a Serena Ventures, gestora de capital de risco em estágio inicial que investe em negócios diversos, com foco em empresas fundadas por mulheres e pessoas negras. “Muitas mulheres ficam confortáveis em falar com a gente porque acham que é uma oportunidade de serem ouvidas e terem uma chance.”

Entrevistada por Betina Roxo, head de canais digitais XP, e José Berenguer, CEO do Banco XP, ela falou sobre carreira, investimentos, família, maternidade e deu suas impressões sobre o filme “King Richard”, que narra a jornada dela e de sua irmã Venus e o apoio do pai rumo ao sucesso no tênis.

Investimentos de Serena Williams

Serena é uma das únicas mulheres na lista da Forbes de atletas mais bem pagos do mundo, ao lado da também tenista Naomi Osaka. Mas seus negócios vão muito além do esporte.

Depois de já ter assinado coleções em parceria com empresas como Nike e HSN, a tenista lançou sua própria marca de roupas, a “Serena”, em 2018.

A atleta diz que começou a investir há pouco mais de nove anos, mas gostaria de ter iniciado antes. “Sempre gostei de negócios. Meu pai sempre foi empresário e eu falo que tenho o cérebro dele.”

A Serena Ventures já fez aportes em mais de 60 startups, sendo 13 unicórnios. E, em março deste ano, anunciou seu primeiro fundo de investimentos, no valor de US$ 111 milhões (R$ 581 milhões).

Ela quer que a empresa seja moderna e expanda seus horizontes, e, por isso, busca companhias em outros continentes, como o africano, e observa um cenário interessante na América Latina, especialmente no Brasil. “Quero que a Serena Ventures seja global como a Serena Williams.”

Conselhos de carreira de Serena Williams

A carreira no tênis trouxe, além de troféus, habilidades importantes para os negócios. “Sou muito competitiva e trabalhadora, nunca desisto e gosto de estar sempre ocupada”, diz. Além disso, ela ressalta a importância da ética no trabalho e de, independente do que for fazer, se doar para aquilo.

Mãe da Olympia, de quatro anos, Serena equilibra os negócios com a maternidade. O segredo, segundo ela, é priorizar. “O que é mais importante eu coloco em um copo. Às vezes, algumas coisas não cabem, mas as mais importantes sempre cabem.”

King Richard

Hoje uma das melhores tenistas do mundo, Serena era ofuscada por sua irmã mais velha, Venus, que despontou primeiro, como mostra o filme “King Richard”.

No longa, o pai de Serena, personagem que rendeu um Oscar ao ator Will Smith, diz a ela que Venus seria a número um do mundo, mas que sua hora iria chegar e ela seria a melhor de todos os tempos. Por mais ficcional que pareça, a conversa, segundo ela, de fato aconteceu, quando Serena tinha apenas 12 anos.

A empresária, assim como suas irmãs, acompanhou de perto a produção do filme, mas não deixou de se emocionar ao assistir pela primeira vez.

Ele também mostra o plano de 78 páginas do pai para garantir o sucesso das filhas. “Aprendi com ele que se você falha em se planejar, você planeja falhar”, diz. Segundo ela, é importante escrever seus objetivos e visualizá-los para o cérebro captar.

É o pai que ganha os holofotes no longa, mas ela ressalta a importância da mãe e o apoio que sempre deu à sua carreira: “Nada disso teria acontecido sem ela.”

+ sobre o tema

25 de julho: Dia da Mulher Negra comemorado nesta segunda

O Dia Internacional da Mulher Negra será comemorado, pela...

Empoderadas e a batalha pelo discurso da mulher negra

Trocando em Miúdos: A websérie independente Empoderadas, composta por...

Escrita de Mulheres Negras em quarentena: autocuidado e sobre(vivência)

Reconhecemos a existência de um vasto campo literário produzido...

“Sou gay e quero um mundo melhor”, diz diretor de cinema e ator brasileiro

Premiado por curtas que focam na temática LGBT, diretor...

para lembrar

Sete Questões-Chave No Pensamento Feminista Africano, por Minna Salami

Antes de mais devo dizer que, quando se trata...

Marcha das Mulheres Negras 2018: Uma mistura de emoção e militância

Uma mistura de emoção e militância, ocorreu durante a...

Campanha comemora 20 anos do mês da visibilidade trans no Brasil

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC)...

Atriz de Jogos Vorazes assume ser bissexual e deve isso a filha de Will Smith

Amandla Stenberg, mais conhecida pelo papel de Rue em...
spot_imgspot_img

Beatriz Nascimento, mulher negra atlântica, deixou legado de muitas lutas

Em "Uma História Feita por Mãos Negras" (ed.Zahar, organização Alex Ratts), Beatriz Nascimento partilha suas angústias como mulher negra, militante e ativista, numa sociedade onde o racismo, de...

Ausência de mulheres negras é desafio para ciência

Imagine um mundo com mais mulheres cientistas. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), isso é fundamental para alcançar a igualdade de gênero e...

Pesquisa revela como racismo e transfobia afetam população trans negra

Uma pesquisa inovadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), intitulada "Travestilidades Negras", lança, nesta sexta-feira, 7/2, luz sobre as...
-+=