Prêmio valoriza abordagem da mulher negra pela imprensa

Especialistas alertam para invisibilidade do tema e indicam como o jornalismo pode contribuir para refletir a diversidade brasileira

Mostrar a mulher negra como protagonista de sua vida e de transformações na sociedade, representá-la com imagens positivas, além de trazer suas questões para a agenda pública são metas do 3º Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento. Voltado para jornalistas, segue com inscrições abertas até 31 de julho em sete categorias, entre as quais a Especial de Gênero Jornalista Antonieta de Barros.

A médica Jurema Werneck (Imagem: Divulgação/Anistia Internacional Brasil)

Na avaliação da médica Jurema Werneck, diretora da ONG Criola e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, a mídia ainda trata a mulher negra “como não-sujeito” reforçando estereótipos. “Somos expostas como vítimas, perpetradoras de tragédias, ou como veículos [transmissores] da tragédia: mãe, esposa ou irmã de assassinos”, alerta ela, que já integrou a Comissão Julgadora do concurso em 2012.

Para a coordenadora do Prêmio Abdias e da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio), Sandra Martins, romper esse cenário exige da imprensa brasileira reportagens bem apuradas, com dados estatísticos e pluralidade de fontes que promovam a reflexão sobre a situação das mulheres negras no país e suas questões. Segundo ela, mesmo quando reportagens são feitas em uma perspectiva positiva, estas mulheres ficam de fora.

“Quando o tema é o Dia da Mulher e a pauta mostra várias conquistas, a mulher negra brasileira, sua luta por direitos humanos e seu protagonismo são invisibilizados. Porém, quando o viés é o do serviço inadequado, ou o da vítima, ela é mostrada. Mas, desta vez,  preferencialmente com cabelos desalinhados e sinais de dificuldades financeiras, uma abordagem negativa”, avalia Sandra.

Para destacar a importância das mulheres negras brasileiras, a coordenadora da Cojira-Rio lembra a trajetória de Antonieta de Barros, jornalista que batiza a categoria especial de gênero do Prêmio. Em Santa Catarina, na década de 1920, Antonieta trabalhou na imprensa, fundou jornal e se tornou a primeira mulher negra deputada estadual no Brasil.

O Prêmio Jornalista Abdias Nascimento também recebe inscrições nas categorias: Mídia Impressa, Televisão, Rádio, Internet, Mídia alternativa ou comunitária. Acesse o regulamento.

www.premioabdiasnascimento.org.br

Informações: (21) 3906-2450

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