Sem união não haverá evolução

Imagem: Frepick

por Luiz Antonio para o Portal Geledés

Saudações família afro-brasileira, para os que não me conhecem meu nome é Luiz Antonio, resido no Vale do Ribeira na cidade de Registro-SP.

O que me trouxe a este contexto é o fato de que estamos vivendo em cima de uma estrutura que nos condicionou a uma existência secundária e que apesar de todas as vitorias conseguidas ainda estamos muito longe do ideal.

Não sou teórico, deixarei as teorias para os filósofos e escritores, historiadores, sem prescindir de suas colaborações.

Pois são pilares fundamentais para a percepção da estratégia utilizada e a sua desconstrução imediata para uma nova consciência e retomada de um processo evolutivo de forma equilibrada, onde a justiça seja base das correções.

Certo é que estas correções não serão cedidas de bom grado, pois se assim fossem já as teríamos a disposição para uso fruto, porem o que verificamos são fortes nichos de resistências contra os mínimos avanços conseguidos nestes 131 anos de pós lei áurea, sim pós data, pois não ousaria dizer libertação diante da constatação histórica.

Outra necessidade é de entendermos que todas as frentes são necessárias, desde a política, a filosofia, a prática, a saúde, o desenvolvimento social, a economia, a preservação histórica e cultural e todas as demais pertinentes aos direitos de qualquer cidadão que solidifiquem sua existência como base de desenvolvimento.

E muitas já são estas frentes em vigor através de ONGs, ações governamentais e os diversos movimentos negros.

O que eu quero aqui hoje é chamar a atenção para um detalhe que pode parecer bobo, mas em reflexão cheguei à conclusão de que a unificação é a solução de força.

Quero falar da quebra da unidade

Existem muitos textos e trabalhos que nos falam desta quebra quando dos sequestros realizados em solos africanos e as deportações para os territórios da América e da Europa.

E que a chegada nesses novos espaços eram organizadas de forma a não se permitir a continuidade da união sociológica dos sequestrados.

Baseado nisso o que quero propor aqui, é uma reunificação da comunidade afro-brasileira como se fosse única a partir de uma causa única, ou seja, todos os nossos ancestrais chegados nos continentes europeus e americanos e especificamente no Brasil, chegaram em sua maioria numa mesma condição ou seja sequestrados e escravizados.

Sabemos que as diferenças no continente africano são diversas e causa até, de rivalidades entre eles, mas ao procurarmos um ponto comum que possa nos levar a uma unidade, chegamos ao território de exploração, e à qualificação do tipo de exploração, ou seja, Brasil e escravatura, nos faz ter algo em comum, de onde podemos partir para um principio de unificação.

Assim trago para pensarem nisso:

Ampliaremos nossos avanços se nos unirmos, e entendermos que lamentavelmente, muitos dos nossos irmãos não concordarão com esta proposta e encontrarão diversas explicações para se justificarem, até mesmo por que fomos psicologicamente condicionados para pensarmos que a união deve ser evitada.

Assim devemos ter este tema como um dos principais em nossas discussões e encaminhamento para soluções.

Temos que caminhar rapidamente para uma autoidentificação e uma unificação, se quisermos acelerar nossas mudanças de vidas e adquirirmos respeito e direitos na pratica, que representem a proporcionalidade da nossa população.

Pensem, porque eu estou pensando!

Nos próximos textos continuaremos a detalhar estas necessidades: IDENTIFICAÇÃO E UNIFICAÇÃO como princípios de mudanças.

Luiz Antonio
articulador
Poder Negro Vale


** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

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