Taynara Silva recebeu a comenda Zumbi dos Palmares da Câmara de Vereadores.
Por Roberta Batista, do G1
A professora Taynara Silva, que denunciou ter sofrido racismo em um colégio particular de Maceió, recebeu na sexta-feira (13) a comenda Zumbi dos Palmares na Câmara Municipal de Maceió. “Quero que mães de jovens negros parem de enterrá-los”, disse durante seu discurso (assista na íntegra ao fim do texto).
A comenda para a professora foi uma iniciativa do vereador Cleber Costa (Progressistas). O requerimento apresentado pelo vereador foi aprovado por unanimidade entre parlamentares de Maceió. A homenagem é concedida a personalidades que se destacam na luta pelo fim da discriminação cultural, racial e de cor sofrida pelos negros.
“Eu me sinto muito gratificada, no entanto, ainda há muita luta. Receber uma comenda é significativo, ainda mais com o nome de Zumbi, que é um nome de luta, um nome de resistência junto a Dandara, Cotirene. Mas ainda há muita luta, ainda há muito o que fazer. A minha luta é mesmo para haja ações afirmativas, que haja propostas e ações para que a gente tenha cada vez mais um posicionamento antiracista em um estado quilombola. Os quilombos ocupam muito espaço aqui em Alagoas e, infelizmente, ainda são quilombos mais pobres do país”, disse a professora.
Taynara Silva falou também sobre o uso da educação no combate ao racismo.
“A minha luta é para que a gente tenha ascensão. E começando então pela educação. Eu me sinto sim, muito honrada, muito feliz representando como comendadora no sentido do Zumbi dos Palmares, no sentido da comenda. A luta continua, porque a luta antirracista é uma luta coletiva”.
“Quero que mães de jovens negros parem de enterrá-los e passem a vê-los formados”, complementou a professora alagoana.
Taynara não trabalha mais na escola onde ocorreu o episódio e acionou a Justiça. A polícia abriu um inquérito para apurar a denúncia da professora.
“Eu saí da escola no dia que saiu a situação. Após o ocorrido, eu não voltei mais. No dia seguinte os alunos levantaram o ato e eu estive lá presente. Nós estamos abrindo duas ações: uma trabalhista e uma criminal por conta do racismo. A trabalhista vai ser ainda este mês e a criminal, a luta é para que seja [julgada como] racismo”, disse a professora.
A professora disse que recebeu muitas mensagens de apoio, até mesmo de fora do Brasil, e se sente bem em saber que conseguiu mostrar que é preciso denunciar o racismo.
“Eu fico muito feliz porque houve uma repercussão e porque a gente não vai parar. Para que não seja só um caso. De registro, a gente tem 28 casos, mas a gente sabe que é um valor irrisório, já que acontece todos os dias e poucos denunciam. Então, a gente instigar a voz, a gente instigar para as pessoas saberem que não estão sozinhas é importante”, disse Taynara Silva.
Confira o discurso da professora Taynara Silva a partir de 46 minutos do vídeo
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