Quando pensamos no continente africano de modo geral, o que nos vem à cabeça, admitamos, é uma coleção de clichês. Mulheres carregando água, crianças esquálidas e famintas, animais selvagens, tribos ancestrais, homens com metralhadoras, violência, misérias absolutas e paisagens naturais deslumbrantes. O próprio fato de pensarmos sobre um continente inteiro de uma mesma forma já ilustra o engano de tal generalização.
no Hypeness
Pois uma conta no Instagram passou a reunir imagens para tentar desfazer esses estereótipos e demonstrar a evidente variedade de perspectivas e possibilidades que o continente africano oferece.
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O projeto começou da reunião do jornalista Austin Merril com o fotojornalista Peter DiCampo, para registrarem como estava a Costa do Marfim depois de 10 anos de intensa crise. No lugar de capturarem imagens que reforçassem tais clichês, eles decidiram por registrar tudo – e revelaram assim a pluralidade do país.
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Após a satisfação com tal trabalho em ampliar a narrativa a respeito do país, a dupla decidiu aplicar a mesma lógica sobre os 54 países e mais de 2 mil línguas do continente.
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Naturalmente que nenhum dos clichês citados é mentira, e de fato significam parte da identidade coletiva do continente, mas a África é mais do que isso – e é justo essa pluralidade que o projeto, chamado de Everyday Africa, visa mostrar. “São as coisas que as pessoas não veem que denotam que a imagem completa de um lugar não está sendo mostrada”, diz Merrill.
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Assim, a dupla procurou ao invés de contar uma grande história em momentos decisivos, focar em pequenas cenas, em perspectivas múltiplas – procurando assim ampliar a imagem que se tem da própria identidade africana.
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Juntos eles recentemente publicaram um livro, também batizado de Everyday Africa, reunindo mais de 250 fotografias de 30 fotógrafos, reunindo também cenas do imaginário clássico ao lado de fotos inesperadas, cosmopolitas e menos exóticas.
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Ao ampliar a noção que se tem sobre o continente, o projeto acaba por aproximar a África do resto do mundo, libertando-a um pouco ao menos da noção isolada e condenada com que se costuma olhar para a região.
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Vendo-a mais de perto, porém – e lembrando que tais terríveis clichês também existem de fato – resta a pergunta a respeito de como e por qual razão um povo e uma região tão bela e rica precisa passar pelo calvário que o continente africano há tanto tempo também atravessa.
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