A coalizão rebelde de Seleka, que se encontra perto da capital da República Centro-Africana, convocou nesta quarta-feira o regime a entregar as armas, porque considera inútil uma batalha em Bangui diante de um presidente, François Bozizé, que “já perdeu o controle do país”.
Um contingente do exército do Chade, que chegou na semana passada como “força de interposição” e não de ataque, segundo Yamena, encontra-se posicionado no último cruzamento da estrada que leva a Bangui, e parece ser o último obstáculo contra o anvanço dos rebeldes.
Após mais de 15 dias de operações e de conquista de cidades sem encontrar resistência, a Seleka afirmou que “por medida de segurança e proteção das populações civis, já não consideramos necessário travar a batalha de Bangui e fazer nossas tropas entrarem nela, já que o general François Bozizé (…) já perdeu o controle do país”.
“Pedimos a todos os filhos e filhas da República Centro-Africana, a todos os efetivos das forças de defesa e de segurança ainda fiéis ao regime de François Bozizé (…) que deponham as armas imediatamente”, acrescentou em um comunicado
Os insurgentes, que pegaram em armas em 10 de dezembro para exigir que “sejam respeitados” os acordos de paz concluídos entre 2007 e 2011. A partir deste dia foi se apoderando de cidades estratégicas – Bria (centro), Bambari (centro sul), Kaga Bandoro (centro norte) – se aproximando perigosamente de Bangui pelo norte e pelo leste.
Mal equipado, desmotivado e desorganizado, o exército regular opôs pouca resistência diante do progresso dos insurgentes
Enquanto afirmam que querem negociar em Libreville, Gabão, conforme solicitado na sexta-feira pelos Chefes de Estado da África Central, os rebeldes continuam a avançar, recusando-se a deixar as cidades conquistadas sem um cessar-fogo prévio, que o presidente centro-africano não parece disposto a conceder.
Pelo menos 2.000 centro-africanos fugiram para a República Democrática do Congo para escapar do avanço da rebelião, segundo uma fonte oficial congolesa.
Em Bangui, centenas de pessoas lançaram projéteis contra a embaixada da França em Bangui depois de um protesto diante da sede diplomática dos Estados Unidos contra a ocupação de uma parte da República Centro-Africana pelas forças rebeldes.
Os manifestantes protestaram contra a passividade da França, ex-potência colonial.
“Estamos diante da embaixada da França porque foi a França que nos colonizou”, disse um dos manifestantes.
Segundo o ministério francês da Defesa, 200 militares franceses estão baseados na República Centro-Africana.
Os efetivos e poder de fogo dos rebeldes permanecem desconhecidos. Segundo um professor da cidade ocupada de Bambari, Eudes Azouaka, “o número de rebeldes (em Bambari) é entre 300 e 400 homens. Eles estão armados com lançadores de foguetes, morteiros, metralhadoras pesadas, veículos blindados e Kalashnikov “.
A República Centro-Africana, de 5 milhões de habitantes, esta engajada desde 2007 em um processo de paz, depois de anos de instabilidade, de rebeliões, motins militares e golpes de Estado.
Fonte: Terra