Rubens Paiva exige pedido de desculpas de Alckmin

Escritor Marcelo Rubens Paiva, que teve o pai morto dentro de um quartel durante a ditadura militar, cobra do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um pedido de desculpas do governo paulista e uma retratação do secretário particular do tucano, Ricardo Salles, fundador do movimento Endireita Brasil; Salles declarou recentemente que “não vamos ver generais e coronéis acima dos 80 anos presos por crimes de 64, se é que esses crimes ocorreram”

247 – O escritor Marcelo Rubens Paiva cobrou nesta quarta-feira do governador Geraldo Alckmin um pedido de desculpas do Estado de São Paulo pelas declarações do novo secretário pessoal do tucano, Ricardo Salles. Antes de assumir o comando da agenda de Alckmin, Salles era conhecido por fundar o movimento Endireita Brasil (leia mais), como Rubens Paiva, que teve o pai morto durante a ditadura, destaca.

“Nesta semana, na cerimônia de entrega de parte dos arquivos do DOPS-SP digitalizados, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, apareceu com o novo secretário particular, o advogado Ricardo Salles, um provocador que já disse coisas como ‘felizmente tivemos uma ditadura de direita no Brasil'”, escreve Rubens Paiva em seu blog no Estadão.

“Mas a declaração mais chocante de Salles embrulha o estômago de muitas famílias vítimas da Ditadura, como a minha. Segundo o assessor do governador de SP, ‘não vamos ver generais e coronéis acima dos 80 anos presos por crimes de 64, se é que esses crimes ocorreram’. Sim, esses crimes ocorreram”, protesta o escritor. Leia sua cobrança por um pedido de desculpas na íntegra:

exige-se uma retratação

Nesta semana, na cerimônia de entrega de parte dos arquivos do DOPS-SP digitalizados, o governador do Estado, Geraldo Alckmin, apareceu com o novo secretário particular, o advogado Ricardo Salles, um provocador que já disse coisas como “felizmente tivemos uma ditadura de direita no Brasil”.

Salles já concorreu duas vezes, a deputado federal e estadual, pelo PFL e depois pelo DEM, mas não conseguiu se eleger.

Meus colegas do ESTADÃO, Júlia Duailibi e Bruno Lupion lembraram ontem no jornal: Salles é fundador do radical Instituto Endireita Brasil, que, na rede social, entre outras pérolas, como criticar o casamento gay e a Comissão da Verdade, já publicou que Dilma é uma terrorista.

Comentou o analista Glauco Cortez: “Salles cuidará de toda a agenda do governador do estado mais rico do País. Aparentemente uma função burocrática, mas o fato é que, com essa nomeação, o político tucano instala, dentro do Palácio dos Bandeirantes, um movimento que exala obscurantismo.”

Mas a declaração mais chocando de Salles embrulha o estômago de muitas famílias vítimas da Ditadura, como a minha.

Segundo o assessor do governador de SP, “não vamos ver generais e coronéis acima dos 80 anos presos por crimes de 64, se é que esses crimes ocorreram.”

Sim, esses crimes ocorreram.

Nem precisamos citar a extensa biografia à respeito, nem os testemunhos colhidos há décadas, no projeto TORTURA NUNCA MAIS, da Igreja. Nem depoimentos de gente do partido do governador, como FHC e José Serra, cassados e exilados pela ditadura, ou de gente da liderança e base tucana que foi torturada.

Sou testemunha viva. Eu e minhas irmãs. Vimos nossa casa no Rio de Janeiro ser invadida por militares armados com metralhadoras em 20 de janeiro de 1971.

Vimos meu pai, minha mãe e irmã Eliana serem levados.

Minha mãe ficou 13 dias presas no DOI/Codi, sem que o Exército reconheça ou tenha feito qualquer acusação.

Meu pai entrou no quartel do Exército e não saiu vivo de lá. Também não sabemos o motivo da prisão, a acusação. Não entendemos as negativas posteriores de que estivesse preso.

Abaixo, documentos que provam que, sim, crimes ocorreram.

Em nome da decência, exigimos uma retratação do secretário e um pedido de desculpa do Governo do Estado.

Que está onde está graças aos que lutaram, foram torturados ou deram a vida pela redemocratização do País.

Brasileiros que merecem mais respeito.

 

Fonte: Brasil 247

+ sobre o tema

Desemprego atinge mais jovens negros e mulheres

A taxa de desemprego entre jovens de 16 a...

Contratados e conveniados com o SUS vendem serviços ao SUS

A “compra de serviços de atenção à saúde” no...

Munduruku na ABL: a saga do neto do Apolinário

“E mesmo que toda a gente / fique rindo,...

“Não há inocentes na cadeia”, diz um povo ignorante ou doente

Um homem foi espancado até a morte e teve...

para lembrar

“Problemas estão nas ruas, não na Constituição”

Fonte: Conjur - por: Alessandro Cristo e Márcio Chaer...

Momento histórico para Geledés na COP 16

Geledés – Instituto da Mulher Negra, em parceria com...

“Estamos prontos pra morrer”, respondem indígenas à nova reintegração de posse

Segundo informações da Polícia Federal, a reintegração poderá acontecer...
spot_imgspot_img

Jornalistas negras lançam guias de prática antirracista na comunicação

Duas publicações lançadas nos últimos dias indicam caminhos para o combate ao racismo e a programação da igualdade racial. Em Comunicação Antirracista: um guia para se comunicar...

Geledés promove evento sobre Desenvolvimento Sustentável, Empoderamento Econômico e Justiça Climática

Geledés – Instituto da Mulher Negra realiza, nesta quarta-feira, 2 de abril, das 18h às 19h30 (horário de Santiago e Brasília), o evento "Desenvolvimento...

Quilombolas pautam novo modelo de saúde para o SUS

A pandemia da Covid-19 foi vivenciada de forma distinta entre grupos sociais específicos. No caso dos quilombolas, segundo dados da Conaq (Coordenação Nacional de...
-+=