SECAD-SEESP: Erro politico, teórico e metodológico

{xtypo_quote}Que valor invoca a revolta do negro? Seu valor de Homem, seu valor de Negro, seu valor de cidadão brasileiro…. A revolta é a recusa do homem a ser tratado como coisa e a ficar reduzido à simples história” (Abdias do Nascimento)

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Recebo com indignação a noticia de que a SECAD foi integrada a SEESP. A SECAD em que pese todas as contradições do ponto de vista da gestão bem como o enfraquecimento da temática negra no âmbito de sua gestão não deveria sofrer essa redução.

Assistimos a um quadro em que as nosas reivindicações como ativistas negr@s passarão a ser encaradas e gestionadas a partir da Secretaria de Educação Especial. Há um erro politico, teórico e metodológico grave de se incluir a temática da diversidade e especificidades de que a SECAD no âmbito da educação especial.

Nossa causa não é “especial” nesse sentido, ela é, foi e deve a causa de combate ao projeto de privilégio branco em todas as esferas de PODER. “Que valor invoca a revolta do negro? Seu valor de Homem, seu valor de Negro,

seu valor de cidadão brasileiro”.

Acredito que o CONNEAB, a ABPN, as organizações de mulheres negras e todas as insituições negras deveriam se unir e protestar. Quando nós fomos consultados sobre isso? Quais os parâmetros para essa tomada de decisão?

Como já dizia Michael Apple:

O currículo nunca é uma simples compilação neutra de conhecimento que surge, de uma forma ou de outra, nos textos e nas salas de aula de um país. Ele sempre faz parte de uma tradição seletiva, da seleção de alguém, da visão de um grupo cujo conhecimento é legitimado.

O risco é de se ter o racismo, a discriminação e o preconceito que assolam nossa sociedade e são reproduzidos no espaço educacional, impedindo o desempenho sócio-cognitivo e afetivo digno de nossas crianças e jovens ser visto, tratado, etiquetado como deficiência. Nos Estados Unidos já existe essa tradição de colocar alunos negros, latinos ou indigenas que têm desempenho baixo (inferior) nas salas de educação esepecial, quando o problema deve ser encarado de frente: temos que fazer uma transformação de mentalidade, atitudes, posturas, política educacional e metodologias. Temos que ter uma gestão anti-racista e anti-sexista.

O que nós enquanto movimento vamos fazer? Acredito como Abdias que a nossa revolta, protesto, questinamento deve ser a nossa recusa “a ser tratado como coisa e a ficar reduzido à simples história”

Que nossos Ancestrais nos guiem para uma luta coletiva e de transformação das estruturas colonizadas de poder.

Andréia Lisboa

Andreia Lisboa de Sousa
Ford Foundation Fellow
University of Texas at Austin (USA)
International Affairs Coordinator of the Black Brazilian Research Association

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