Por Mariela Carvalho
A religiosidade, a política de cotas nas instituições federais, a herança quilombola maranhense foram alguns dos temas discutidos na “Semana da consciência negra do IFMA”. O evento, que foi promovido pelo Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indiodescendentes (Neabi), começou na quarta, 21, e terminou hoje, 23, no Campus Codó.
As boas vindas foram dadas pelo diretor geral do Campus Codó, José Cardoso. “É com entusiasmo que recebemos representantes de vários campi do Instituto para construírem um diálogo sobre as dimensões sociais dos negros”.
Conhecido nacionalmente pelas práticas religiosas do terecô, o município de Codó possui vários terreiros. As primeiras manifestações dessa religião são da época da escravidão, em que os negros praticavam suas crenças nas matas das fazendas de algodão de Codó.
Para falar sobre esse assunto, a organização do evento convidou para a mesa de abertura o mestre Bita do Barão, que relatou como foi o início de sua vida no terecô. “Eu comecei aos cinco anos de idade, quando a minha mãe me levou pela primeira vez ao terreiro. Na época havia perseguição e a gente tinha que se esconder da polícia. Fico feliz quando vejo que hoje a gente pode fazer nossas festas com liberdade”.
Também fizeram parte da mesa a assessora da reitoria, Rebeca Reis, representando o reitor Roberto Brandão; a pró-reitora de ensino, Ximena Bandeira Maia; o coordenador do Neabi Central, Batista Botelho; a diretora de desenvolvimento educacional de Codó, Francisca Vieira; e a representante da Associação de Ubanda e Candoblé de Codó, Maria Júlia.
Diálogos
A programação continuou com a mesa “Educação, relações étnico-raciais e a lei 10.693/03” composta pela pró-reitora de ensino Ximena Bandeira, a professora do Campus Codó, Alecsandra Pereira e a professora do Campus Maracanã, Socorro Botelho.
A lei 10.693/03 trata da inserção da história e da cultura afrobrasileira e africana no currículo. “A cultura é uma forma de fortalecer a identidade e se não houver a obrigatoriedade de inserir esses temas é difícil quebrar as amarras”, afirmou a professora Alecsandra.
Em sua fala, a professora Socorro Botelho destacou a importância de inserir o debate sobre as relações étnico-raciais em todas as disciplinas. “Essa questão não pode ser vista isoladamente. Um professor de química, por exemplo, deve abordar esse tema em suas aulas”.
A pró-reitora de ensino Ximena Bandeira disse que o IFMA vai implantar uma política de formação continuada para os professores para que essa lei possa ser efetivada. “Contamos com a colaboração do Neabi para que possamos pensar em cursos de formação significativos e de qualidade para que possamos avançar nessa área”.
Após a mesa de diálogo, aconteceram apresentações culturais e a palestra ministrada pelos professores João Evangelista das Neves e João Áureo de Sousa da Universidade Federal do Piaui. Eles falaram sobre a implementação da lei de cotas nas instituições públicas.
Nos outros dias dos eventos além das palestras e apresentações culturais, aconteceram exposições de pesquisas e oficinas de tambor, de penteado afro e capoeira.
Fonte: Ifma