“Mesmo estando dentro de uma faculdade, sofri racismo institucional por parte de professores, coordenadores, e até pela polícia. Certa vez, cheguei a ser abordado de forma truculenta por policiais, mas quando viram minha carteira de presidente do Diretório Central dos Estudantes, o tratamento mudou. Enquanto ativista da juventude negra, farei de tudo para trazer mais cursos e novas oportunidades para a nossa comunidade, fazer de tudo para ter novas parcerias de ensino continuado”, garantiu Igor Ramon Queiroz Gama, que articulou, por meio do Coletivo Quilombo, a seleção dos alunos que participaram dos cursos de inclusão digital realizados pelo SENAI, por meio do Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), na Unidade Móvel do SESI. A solenidade de entrega dos certificados foi realizada na manhã dessa quinta-feira, 15 de dezembro, no Centro de Educação do Trabalhador do SESI (CET).
Do O Rio Branco
Ao todo, 18 jovens negros em situação de vulnerabilidade social participaram de 30 horas de capacitação em informática básica. O grupo foi selecionado de acordo com os critérios estabelecidos pela militância negra, nos bairros Geraldo Fleming, Bairro da Paz, Parque das Palmeiras e Conquista. O formando Remulo Willian de Souza, 25, afirma que dará continuidade à sua qualificação profissional. “Gostei muito da metodologia de ensino, tivemos professores competentes, não faltei nem uma aula. Se tivermos outras oportunidades, estarei novamente participando”, agradeceu.
Estiveram presentes na solenidade o diretor regional do SENAI, João César Dotto; a gerente de educação profissional, Geane Reis de Farias; a coordenadora pedagógica da educação continuada do SESI, Izanilda Cruz; o secretário de Indústria e Desenvolvimento (Sedens), Sibá Machado; a chefe do Departamento de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sedjuh), Almerinda Cunha; e a consultora especial das ações do PSAI, Rose Scalabrin. Na ocasião, os formandos ainda participaram de uma palestra sobre racismo, ministrada pela técnica de formação da Sedjuh, Gorete da Silva Pinto e Almerinda. “Se nós, negros, não refletirmos e não tomarmos a direção da nossa história, ninguém vai mudar esse mundo cruel para nós”, sentenciou Cunha.
UNIÃO – De acordo com Scalabrin, este foi o primeiro curso de muitos que ainda serão realizados para este público. “Já negociamos parcerias para a unidade móvel ir a todas as regionais de Rio Branco. Este momento deve ser muito bem aproveitado”, ressaltou. “Esse tipo de ação interessa muito a nós, da Sedens, pois trabalhamos com desenvolvimento e devemos, portanto, dialogar com todas as áreas, sobretudo a educação. Por isso, fiz questão de estar aqui, apoiando essa iniciativa e as parcerias que foram feitas, e agradecer a essas oportunidades que estão sendo oferecidas”, elogiou Sibá Machado.
O diretor regional do SENAI, João César Dotto, explica que o PSAI, inicialmente, era restrito ao público de pessoas com deficiência. “Com o tempo, o programa foi crescendo com um olhar voltado para a mulher, o povo indígena, o negro, idosos, todas as minorias. Trata-se de um programa de inclusão de pessoas. Para ganharmos reforço, firmamos parceria com o Estado, através das secretarias da Mulher e de Direitos Humanos”, contextualizou. “A nossa proposta, no entanto, é que inclusão seja feita o tempo todo na instituição, sem turmas específicas, mas unir todas as turmas”, finalizou.