Caso ocorre em empresa atacadista de Campinas (SP) e Thais de Paula Cyriaco havia sido impedida de entrar no local depois que a aparência dela incomodou outra funcionária.
Uma auxiliar de limpeza lésbica precisou recorrer à Justiça para reaver o direito de usar o banheiro feminino no ambiente de trabalho, em Campinas (SP). Thais de Paula Cyriaco havia sido impedida de entrar no local depois que a aparência dela incomodou outra funcionária, em setembro de 2018.
Ela acionou a Justiça contra a empresa que a contratou, contra o atacadista onde trabalha como terceirizada e também contra a empresa da funcionária que reclamou por considerá-la homem. A decisão judicial determina a manutenção do emprego de Thais e que a partir desta terça (26) ela possa usar o banheiro, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.
“Querendo ou não, eu sou mulher. Independente da sua opção ou não, a gente é um ser humano normal e não deixa de ser o que a gente é. Eu sou mulher, independente do que for”, diz.
Thais conta que sentia-se humilhada pela situação, e que ao ser impedida de usar o banheiro feminino, passou a trabalhar com o uniforme sobre a roupa, sem ter um lugar para se trocar.
Eu fico constrangida de me trocar na frente dos meninos”, afirma.
Quando as necessidades de uso são fisiológicas, Thais disse que recorre ao banheiro externo, para deficientes, ou usa o masculino mesmo, quando não tem ninguém dentro.
A advogada Janice Dias, que representou Thais no processo, considerou o caso absurdo. “Não achava que num tempo desses, iria acontecer uma coisa tão violenta dessa forma, violando os direitos individuais da pessoa.”
O que dizem as empresas?
Em nota, a rede atacadista Makro, onde a auxiliar trabalha, disse que tomou conhecimento do caso nesta segunda e está apurando o ocorrido. A empresa destacou que não admite qualquer discriminação ou preconceito.
A Elofort, terceirizada que contratou a auxiliar de limpeza, também disse repudir discriminação. Segundo a empresa, Thais teria afirmado, no momento do contrato, que gostaria de ser chamada de Thalison e que preferia usar o banheiro masculino. E que a partir daí, funcionários passaram a tratá-la no masculino.
Ainda de acordo com a Elofort, em nenhum momento ocorreu a proibição da empresa fundamentada na orientação sexual da funcionária.
Já a Aurora, que contratou a promotora de vendas que reclamou por Thais usar o banheiro feminino, disse desconhecer o caso e a liminar e, por isso, não pode se manifestar. A companhia, no entanto, destacou que repudia qualquer forma de discriminação.
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