UEPG volta atrás e decide manter cotas para negros nos vestibulares

Conselho Universitário da instituição se reuniu nesta segunda-feira (2).
Decisão para retomar as cotas para negros foi aprovada por unanimidade.

O Conselho Universitário da Universidade Estadual Ponta Grossa (UEPG), na região dos Campos Gerais do Paraná, realizou uma nova reunião para discutir o sistema de cotas na instituição e voltou atrás na decisão de extinguir o sistema de cotas para negros, na tarde desta segunda-feira (2). A mudança no sistema de cotas da universidade foi anunciada há uma semana.

No dia 25 de novembro, o Conselho se reuniu para discutir o sistema de cotas da universidade e decidiu extinguir as cotas para negros e modificar as regras para concorrer às vagas para estudantes oriundos de escolas públicas. A medida passaria a valer a partir dos vestibulares realizados em 2014 com egresso em 2015. No dia em que foi tomada a decisão, 17 conselheiros votaram a favor das alterações e 13 se manifestaram contra.
Além de acabar com as cotas para negros, o Conselho determinou que 50% das vagas ofertadas nos vestibulares realizados para egresso em 2015 serão destinadas a alunos oriundos de escola pública e outros 50% das vagas para as cotas universais. Nos vestibulares dos anos seguintes, o número de vagas destinadas a alunos de escola pública devem diminuir 5% por ano até alcançar 35%, de forma gradativa.

A decisão de retomar as cotas para negros foi aprovada pelo Conselho por unanimidade nesta segunda-feira. Os 27 conselheiros que participaram da reunião decidiram que, a cada 100 vagas, 40 serão destinadas a alunos de escolas públicas e dez para negros também oriundos de escolas públicas.

Segundo a UEPG, o Conselho Universitário decidiu rever decisão tomada acatando os pedidos comunidade negra e movimentos de estudantes e professores da instituição entregues ao reitor. A reunião do conselho foi realizada na presença dos representantes da comunidade negra e estudantil, tendo como ponto de partida a proposta do conselheiro João Irineu de Rezende Miranda pela reabertura da discussão sobre a política de cotas na instituição. Em seguida foi colocada em votação a manutenção da cota para negros, que também recebeu a totalidade dos votos do conselho. Agora, para concorrer ao sistema de cotas, o candidato deve ter feito o ensino fundamental e médio em escolas públicas.

De acordo com a UEPG, o critério de avaliação para admitir candidatos negros ao sistema de cotas ainda será decidido nos próximos dias, mas também deve mudar, com o fim da banca avaliadora. Agora, para concorrer ao sistema de cotas, basta o candidato se autodeclarar negro. O sistema de cotas para negros foi retomado por mais oito anos, mas daqui a quatro anos o conselho deve se reunir novamente para discutir o tema.
O presidente do Movimento Negro de Ponta Grossa e do Instituto Sorriso Negro dos Campos Gerais, José Luiz Teixeira, diz ficar muito feliz com a decisão da UEPG em rever a decisão de extingir as cotas para negros. “Acredito que foi uma decisão de muita sabedoria da universidade em reavaliar a decisão. Eles passaram por um momento de muita pressão em relação a isso, não apenas por parte do movimento negro, mas por parte de estudantes e docentes da UEPG que não aprovaram à decisão”, afirmou. Quando a universidade anunciou o fim das cotas para negros, o Movimento Negro contestou a mudança da instituição alegando que a UEPG entrou em um “retrocesso”.

Manifestação de estudantes
Na manha desta segunda-feira, os estudantes da UEPG se reuniram para se manifestar contra a decisão do conselho universitário em acabar com as cotas para negros. Os alunos também são contra a diminuição gradativa de vagas para alunos oriundos de escolas públicas.
Com faixas e carros de som, os acadêmicos se reuniram na entrada do campus Uvaranas e pediram para o conselho voltar atrás da decisão. Eles também escreveram nos vidros dos veículos a mensagem “cotas sim”.

SINDUEPG repudia decisão da UEPG ao extinguir cotas para negros

UEPG anuncia fim das cotas para negros nos vestibulares da instituição

Fonte: G1

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